terça-feira, 4 de outubro de 2011

Escrevo com o teu sexo nos olhos


Escrevo com o teu sexo
nos olhos. Aproximo a língua do chão
onde uma flor de carne brilha.

O teu olhar derrama-se nas areias do meu corpo,
as tuas unhas na raiz dos meus cabelos,
a tua língua nos músculos mais íntimos.

Amo-te, mulher de sangue e mais leve
que mil galáxias; mais densa que ruínas
acabadas de nascer. Floresço em tuas terras
enquanto inteira te alojas
no meu sangue. Beber-te e ser bebido
por ti: aurora! Comer-te e ser comido por ti
em glória. Deixa-me ser o eterno adolescente
da tua noite; desfazer-me em conchas
onde a luz se aloja, e a sua sombra.


por Casimiro de Brito
fotografia de Simon Bolz

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