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Para ti
A minha cor púrpura da vida,
deleite de te ter longínquo ou não, o teu toque
De ti
O raiar das estranhas noites onde as sílabas que os meus lábios desenham,
rubram no espelho o vácuo da tua imagem
Para ti
Os meus seios de camélias amarelas, e a trova do meu corpo nu
De ti
Rasgo de vontade que te conheço,
de segurar os meus cabelos
e arrastá-los até onde o meu rosto se possa deitar
Para ti
A génese do amor mais profeta,
na linguagem libertina do desejo
e da entrega do teu olhar vencido
De ti
Os afectos obscenos que ondeiam a minha libido
e o teu sorriso narcísico de perdão,
quando me lanças na culpa,
fazendo de mim pérfida mas sempre amante
Para ti
Não cesso o sonho de alarmos o cosmos de mãos dadas
De ti
A rendição, sem condição,
para que te sorva no ímpeto da madrugada
desvirginando o meu ventre
Para ti
O estremecer das palavras
que as nossas bocas emudecem!
por Ausenda Hilário
fotografia de Valeriy Dondick