domingo, 22 de outubro de 2017

Monólogo a dois


Sábia talvez inconsciente,
Doseando com volúpia, uma ancestral sofreguidão,
Ali onde o desejo mais me dói, mais exigente,
Me acaricia a tua mão.
De olhos fechados me abandono, ouvindo
Meu coração pulsar, meu sangue discorrer,
E sob a tua mão, na asa do sonho, eis-me subindo
Àquele auge em que todo, em alma e corpo, vou morrer…


por José Régio
fotografia de autor desconhecido

Poema


Crispou-se a minha mão sobre o teu sexo,
Fecharam-se-me os olhos sem querer…
De que abismos voava até ao fundo?
E a minha mão sondava
E triturava
Aquele mundo
Tão pequenino e tão complexo:
O teu mistério de mulher.


por José Régio
fotografia de autor desconhecido

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Las rosas palpitaban encima de tus senos



Las rosas palpitaban encima de tus senos
duros. Como una flora de las blancas batistas
que tus brazos rosaban cálidamente llenos,
los encajes tentaban con carnes entrevistas

¡Qué cándida lujuria en tus bucles con lazos
rojos! ¡Oh, tus mejillas, mates como jazmines,
bajo la llama negra de los hondos ojazos
sobre la pasión cálida de las rosas carmines!

Ibas hacia la vida con todo tu tesoro
intacto... Me mandaste tus pájaros de amores...
¡y te besé, temblando, tu alegría de oro
con un miedo doliente de poner tristes tus flores!


por Juan Ramón Jiménez
fotografia de autor desconhecido