domingo, 27 de novembro de 2011

Gozo VII


São as tuas nádegas
na curva dos meus dedos

as tuas pernas
atentas e curvadas

O cravo — o crivo
sabor da madrugada
no manso odor do mar das tuas
espáduas

E se soergo com as mãos
as tuas coxas
e acerto o corpo no calor
das vagas

logo me vergas

e és tu então
que tens os dedos
agora
em minha nádegas

por Maria Teresa Horta
fotografia de Ruslan Lobanov

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Inspirações do claustro (trechos)


Aqui — já era noite... eu reclinei-me
Nas moles formas do virgíneo seio:
Aqui — sobre ela eu meditei amores
Em doce devaneio.

Aqui — inda era noite... eu tive uns sonhos
De monstruosa, de infernal luxúria:
Aqui — prostrei-me a lhe beijar os rastros
Em amorosa fúria.

...

Aqui — era manhã... via-a sentada
Sobre o sofá – voluptuosa um pouco:
Aqui — prostrei-me a lhe beijar os rastros
Alucinado e louco.

...

Aqui — oh quantas vezes!... eu a tive
Unida a mim — a derreter-se em ais:
Aqui – ela ensinou-me a ter mais vida,
Sentir melhor e mais.

Aqui — oh quantas vezes!... eu a tive
Em acessos de amor desfalecida!
Lasciva e nua — a me exigir mais gostos
Por sobre mim caída!

por José Joaquim Junqueira Freire
fotografia de autor desconhecido

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Assim que te despes


Assim que te despes
as próprias cortinas
ficam boquiabertas
sobre a luz do dia

Os teus olhos pedem
mas a boca exige
que te inunde as pernas
toda a luz do dia

Até o teu sexo
que negro cintila
mais e mais desperta
para a luz do dia

E a noite percebe
ao ver-te despida
o grande mistério
que há na luz do dia

por David Mourão-Ferreira
fotografia de Dmitry Chapalas

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Assim que te despes


(Versão cantada por Cristina Branco)

Assim que te despes
as próprias cortinas
ficam boquiabertas
sobre a luz do dia

Os teus olhos pedem
mas a boca exige
que te inunde as pernas
toda a luz do dia

Até o teu sexo
que negro cintila
mais e mais desperta
para a luz do dia

E a noite percebe
ao ver-te despido
o grande mistério
que há na luz do dia

por David Mourão-Ferreira
fotografia de Trevor Watson

sábado, 12 de novembro de 2011

Gozo VI


São de bronze
os palácios do teu sangue

de cristal absorto
ensimesmado

São de esperma
os rubis que tens no corpo
a crescerem-te no ventre
ao acaso

São de vento — são de vidro
são de vinho
os líquidos silêncios dos teus olhos

as rutilas esmeraldas que
sozinhas
ferem de verde aquilo que tu escolhes

São cintilantes grutas
que germinam
na obscura teia dos teus lábios

o hálito das mãos
a língua — as veias

São de cúpulas crisálidas
são de areia

São de brandas catedrais
que desnorteiam

(São de cúpulas crisálidas
são de areia)

na minha vulva
o gosto dos teus espasmos

por Maria Teresa Horta
fotografia de Garm

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Mania de você


Meu bem, você me dá água na boca
Vestindo fantasias, tirando a roupa
Molhada de suor de tanto a gente se beijar
De tanto imaginar loucuras

A gente faz amor por telepatia
No chão, no mar, na Lua, na melodia...
Mania de você, de tanto a gente se beijar,
De tanto imaginar loucuras...

Nada melhor do que não fazer nada
Só pra deitar e rolar com você...
Nada melhor do que não fazer nada
Só pra deitar e rolar com você...

por Rita Lee e Roberto de Carvalho
fotografia de Igor Lateci