segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Primeiro suspiro


Arromba!
Penetre entre as gretas que te enxergam
Adentre pelos poros que veneram
o teu suor no meu endoidecido...

Arromba!
Por todos os meus lados puritanos
tão virgens e tão castos, espartanos
te engulo feito louca ao teu gemido...

Arromba!
Teu gozo expluda em mim feito uma bomba
debata-se e debata-se vencido
calando o meu grunhir na tua boca...

E...
depois da casa arrombada
não reste mais nada
por viver...

por Isabel Machado
fotografia de autor desconhecido

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Concierto a puertas cerradas


Con estas manos hechas para ti
quiero
uno a uno tocar
los instrumentos de tu cuerpo

al palparte
me salen tonos
partituras
música en fin
de todas partes

se precisa un golpe
de batuta
para tocarte sin desafinar

estás llena de violines
en ti los pájaros ensayan
sus últimas canciones
en ti debuta una alta fidelidad
que termina
entre mis dedos
haciéndote fraterna

amo tus instrumentos
cuando me inundas de sonidos
cuando tu cuerpo me nombra
el músico más grande

que nadie se sienta herido
ni Bach ni Beethoven
ni los trompetistas del juicio final

eres un concierto
que sólo yo puedo tocar.

Por Tomás Castro
fotografia de Marc Steinhausen

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Como eu gosto


Sinto um arrepio…
Sinto um estremecer sempre que me tocas.
A tua mão, os teus dedos,
Veludo puro!
A suavidade da tua pele a tocar a minha!
Pura seda!
Olho-te, vejo o quanto te desejo.
Esse corpo, essa pele, esse cheiro!
Enlouquece-me o teu sorriso,
A tua língua em meus mamilos túrgidos.
Alvoraça-me teus dedos em minha vulva,
Sinto uma humidade impossível de conter.
Endoidece-me sentir-te duro em minhas coxas,
Quente, pulsante, irrequieto… como eu gosto!
Entre toques, entre beijos, entre carícias,
Loucos de prazer…
Com tuas mãos afastas as minhas coxas,
Como a desbravar o caminho que procuras.
E entras em meu corpo, como quem entra em sua casa!
Percorres-me, como se eu fosse o teu mundo,
Numa determinação única, profunda.
Conhecedora do seu território!
E ali de corpos seguros um ao outro
Em movimentos coordenados!
Perfeitamente encabados,
Perfeitamente ensaiados.
Como se se conhecessem como ninguém,
Um fora feito para o outro!
De repente, do meio do nada,
Entre movimentos desordenados,
Entre movimentos ríspidos e afogueados
Soltam-se gemidos, soltam-se gritos!
Gera-se a volúpia da paixão!
As gotas de suor escorrem nos rostos,
Os movimentos repetem-se… e soltam-se gritos!
E aí, tu… Tu ficas ali, deitado no meu braço,
Esperando que fale ao ouvido!

Dedicado e escrito por uma leitora anónima
Fotografia de Howard Schatz

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Flor aberta


Minha carne abriu
Como uma flor rubra
Boca dentro de boca
Babando carnívora
Por charutos vivos

Estou sem batom
Eu me sinto nua
Assim mesmo crua
Eu me sinto toda
Super protegida
Até um beijo seu.

Nas ladeiras molhadas
De minha geografia
Passam os bondes tortos
Para o varadouro
De um túnel de mim.

O pequeno falo
Quer correr guloso
Sobre o tapete
Safado da fala
Voar nele veloz
Para mil orgasmos.

Quando a boca
Engole o falo
Pouco resolve a tinta
Porque se o coração
Estala
E a boca
Baba
A palavra permanece intacta
Alimentando
Os demónios.

Dedo na boca
Chupo
O homem
De outra mesa
O meu
Bebe
Cerveja.

Por Everaldo Vasconcelos
fotografia de Evgeniy Bokser

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

En la doliente soledad del domingo

(Picture removed according to the author's wish, as expressed through iStockphoto LP)

Aquí estoy,
desnuda,
sobre las sábanas solitarias
de esta cama donde te deseo.

Veo mi cuerpo,
liso y rosado en el espejo,
mi cuerpo
que fue ávido territorio de tus besos,
este cuerpo lleno de recuerdos
de tu desbordada pasión
sobre el que peleaste sudorosas batallas
en largas noches de quejidos y risas
y ruidos de mis cuevas interiores.

Veo mis pechos
que acomodabas sonriendo
en la palma de tu mano,
que apretabas como pájaros pequeños
en tus jaulas de cinco barrotes,
mientras una flor se me encendía
y paraba su dura corola
contra tu carne dulce.

Veo mis piernas,
largas y lentas conocedoras de tus caricias,
que giraban rápidas y nerviosas sobre sus goznes
para abrirte el sendero de la perdición
hacia mi mismo centro
y la suave vegetación del monte
donde urdiste sordos combates
coronados de gozo,
anunciados por descargas de fusilerías
y truenos primitivos.

Me veo y no me estoy viendo,
es un espejo de vos el que se extiende doliente
sobre esta soledad de domingo,
un espejo rosado,
un molde hueco buscando su otro hemisferio.

Llueve copiosamente
sobre mi cara
y sólo pienso en tu lejano amor
mientras cobijo
con todas mis fuerzas,
la esperanza.

Por Gioconda Belli
fotografia de Igor Balasanov

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Traição


Viajo até o ponto mais arrepiante da tua nuca
Percebo o endurecimento do seu corpo
Teus seios
Teus braços
Tua boca
Arrepios
Calafrios
Minha mão decorando teus poros
A ponto de contá-los
Um a um
Conheço o gosto de cada centímetro
Beijos
Cheiros
Misturas
Sinto tremores
Amores
Fisgadas
Calafrios
Minha mão decorando teus pelos
Conheço-os um a um
Cobertura delicada
Da meiga e rija vulva
Que sabe dizer o meu nome
Que me beija
Já não sei onde fica a sua boca
Língua
Mistura
Carnes em estado de fusão
Corpos em estado de tesão
Gozo
Gritos
Beijos
Mentiras
Promessas falsas
Traição

Por Silvio Helder Lencioni Senne
fotografia de Spike

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Quero


Quero sentir o teu beijo,
Quero sentir a tua barba roçar a minha pele,
Quero sentir o perfume do teu corpo,
Quero enlouquecer.
Desejo-te ardentemente.
Anseio o sabor do teu corpo.
A loucura da paixão...
A mistura da pele.
O sexo por sexo,
O desatino total,
Tu, eu, eu e tu...
Quero ouvir gritos, gemidos...
Quero sentir a vontade, a dor, o prazer...
Quero-te a jorrar-me,
Quero-te ouvir,
Quero-te a gritar para mim,
Quero-te a quereres-me
Quero-te hoje sem o amanhã!
Quero a paixão!
Quero cada momento!
Mas não quero promessas,
Mas não quero prisões...
Quero-te enquanto te quero!
Quero cada momento...
Quero-te a ti prazer que me liberta,
Que me faz sentir mulher.

Dedicado e escrito por uma leitora anónima
Fotografia de Elsker

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Apetece-me


Apetece-me…

Deitar-me na areia molhada…

Ficar à mercê da maré…

A espuma…

………disfarçando a minha nudez…

Só conhecida do Vento…

Que agora tu afastas…

Decididamente…

E, para ti reclamas…………….

Dedicado pela autora, Marta
fotografia de Alois

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Sólo un beso caliente


Este deseo me mata
no es cualquier
Te deseo de verdad
como al primero
olvidarte non quiero

No me falta ni tiempo
ni dinero
voy a hacerlo
tengo ganas de cambiar...

Lo quiero un
hombre verdadero
mañana partiré sin vacilar...

Sólo un beso caliente del norte
en mi vida...
la herida pasará

Siento el viento
adelante de cuerpo tuyo
todo lo que se haga yo lo haré.

Una roca saliente del norte
parece como un beso
sobre el mar
siento el viento
adelante de tu boca

he perdido el sueño
siguiendo mi destino...

Luna que puede engañar
fría es la noche
hombre, hombre,
dime que me deseas
sabes,
hombre,
yo también te deseo

Sólo un beso caliente...

Dedicado por Jade, que o escreveu inspirada no poema Panamá de Ximena Abarca
fotografia de Oleg Tityaev

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Mais beijos


Devagar...
outro beijo... ou ainda...
O teu olhar, misterioso e lento,
veio desgrenhar
a cálida tempestade
que me desvaira o pensamento!

Mais beijos!...
Deixa que eu, endoidecida,
incendeie a tua boca
e domine a tua vida!

Sim, amor…
deixa que se alongue mais
este momento breve!...
— que o meu desejo subindo
solte a rubra asa
que nos leve!

Por Judith Teixeira
fotografia de David LeBeck

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Vagina II


Tenho a ânsia infinita de te possuir
até o fundo, sem qualquer constrangimento.
E ao mesmo tempo quero fazer-te sentir
-se, então, senhora nem que por um momento.

Em meio à faina, meio da batalha.
Espada em riste, sem traço de clemência.
Afasto as portas de tua residência
e cravo tudo rompendo a tua malha.

E ao sentir-se tão fundo lancetada
tua vagina entrega-se de todo,
vibra por dentro, toda encharcada
e me domina enquanto eu a fodo.

E a luta afasta de nós todas as éticas
no afã de possuir a alma alheia.
Uma ciranda entoada sem poéticas,
uma charanga expressa em carne, nervo e veia.

E eu te domo, gazela desfreada.
E eu te como, boceta enfurecida.
Eu te quero assim, escancarada,
pra despejar em ti a minha vida.

E se aproxima a última estocada
o frenesim expresso, uníssono dueto
tua boceta me traga esfaimada
e te devoro no teu fundo aposento.

Mas num momento em que tudo é mais tudo,
como se fizesse a morte inquilina.
nesse instante supremo eu fico mudo
e me rendo, inteiro, em tua vagina

Por CAlex Fagundes
fotografia de Pixellinde (
Ghislain Lindeboom)

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Vagina I


Teus lábios,
doce mel de frutas sazonais,
se oferecem livres
ao desfrutar dos beijos.

Tua boca molhada,
ostra aberta ao desejo,
saliva de todas delícias.
A flor de todas carícias
tuas pétalas
ficam expostas aos meus sentidos.

Abre-se,
jardim das virtudes,
fazendo-se carne
e despeja sobre mim
tua água farta.

O calor de teus ermos,
o vale de tua sombra,
transmite-me, dentro de ti,
a dádiva profana da terra onde
todos os frutos habitam
e se depositam
todas as sementes.

Sabe-se que tu, mulher,
antes de mais nada
tens a vagina preparada
para afirmar-te fêmea
a qualquer tempo.

Por CAlex Fagundes
fotografia de Ludovic Goubet