sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Gratidão divina – a um Adónis


Versos na pele dos sentidos essa gratidão
Devassa sulcos em suor de corpos fundidos
Húmida brilha translúcida suave excitação
Quando dos lábios escorrem doces gemidos

Grata aos teus mais profanos devaneios
Toda a sensualidade erguida altar divina
Acesa a chama luz súplica de belos seios
Na palavra verso poema da flor feminina

Essa da gratidão divina onde escorre o prazer
Gruta de orgasmos lentos e multiplicados
Que mão e boca em fogo aceso fazem endoidecer

Mas é o falo de um Adónis deus e senhor
Que ordena e enfeitiça para insanos pecados
Quando em devoção comete o amor


por Ana Bárbara de Santo António,
fotografia de autor desconhecido

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Surpreende-me


Surpreende-me...
Querer desejo incontido
Lambe-me os seios
desmancha-me a loucura
usa-me as coxas
devasta-me o umbigo
mostra-me tua bravura
abre-me as pernas
põe-nas nos teus ombros
e lentamente faz o que te digo
os meus seios pendentes
nas tuas mãos fechadas
Encostada de costas quentes suadas
ao teu peito inchado
em leque as pernas dolentes
abertas
o ventre inclinado
ambos de pé colados
despertas
formando lentos gestos de ternura
as sombras brandas
tombadas no soalho leito
Corpos excitados
Em morna loucura
Estranho feito
Que em tempo perdura


por Ana Bárbara de Santo António,
fotografia de autor desconhecido

sábado, 2 de agosto de 2014

Agosto segundo Simon Bolz e William Shakespeare


Há quem diga que todas as noites são de sonhos.
Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão.
No fundo, isto não tem muita importância.
O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos.
Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado.


William Shakespeare in Sonho de uma Noite de Verão,
fotografia de Simon Bolz