sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Modo de amar ― X


A praia da memória
a sulcos feita
a partir da cintura:

a boca
os ombros

na tua mansa língua que caminha
a abrir-me devagar
a pouco e pouco

Globo onde a sede
se eterniza
Piscina onde o tempo se desmancha
a anca repousada
que inclinas
as pernas retezadas que levantas

E logo
são os dentes que limitam

mas logo
estão os labios que adormentam
no quente retomar de uma saliva
que me penetra em vácuo
até ao ventre

o vínculo do vento
a vastidão do tempo

o vício dos dedos
no cabelo

E o rigor dos corpos
que já esquece
na mais lenta maneira de vencê-los

por Maria Teresa Horta
fotografia de Santillo

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Deux...


Elle l’effleure du bout de ses lèvres humides
Il se tend, s’avance, se donne
Elle se ferme les yeux pour mieux goûter la douceur de ses baisers
Il garde les siens ouverts afin d’admirer son abandon

Une danse folle les enivre
Étourdi, excité, inconscient
Un désir palpable englobe l’espace
Leurs sens sont déments

Il s’infiltre progressivement, délicieusement
Elle se cambre, se cache
Il s’insinue passionnément
Le souffle court, haletante, elle s’abandonne

Elle le saisit de sa main fébrile
Il savoure, s’avance, s’offre
Elle l’englobe, le frôle sensuellement
Tremblant, jouissif, il se donne….

par Josée Lapointe
photographie de Alex Krivtsov

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Carnaval na Galiza


Carnaval na Galiza. Desde Sábado que passeio pela Galiza. De facto não por causa do Carnaval, mas pelas praias e pela sensação de passeio pela História. Hoje estive em Finisterra. Os romanos pensavam ter chegado ao ponto onde a terra acabava. Também assim me sinto de cada vez que ali estou.
Amanhã à noite regresso ao Porto.

Beijos

Pedro M

P.S.: O telemóvel ficou no Porto :-(

Foto de Paulino Castiñeira Trillo

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Hotel do tempo


Tua nudez branca
exposta ao filtro de luz
da cortina de gaze.

Quarto clássico de mulher,
ambiência mítica
de mãe e sombras
ritmo de relógio na sala de jantar.

Cama larga das cambraias
alvices que se misturam
com teu corpo de mulher.

Bordados e anagramas,
pequenos quadros e bibelots,
móveis de madeira negra,
paredes de tom terroso,
piso persa e poeiras centenárias
dos tempos
nos interstícios
das tábuas corridas.

Repousas nua,
sobre o colchão dos tempos.

Repousas sobre os panos
tua beleza antiga,
tua alvura epidérmica.

Ressonas sonho
de gozo adormecido.

Contrastam...

Teus pentelhos escuros,
ralos e obscenos,
e os cabelos finos
ao ritmo da brisa,
mansa,
que adentra pela fresta
da veneziana
entreaberta.

Tuas pernas alvas
em relaxamento cósmico,
uma dobrada em ângulo
agudo para o tecto alto.

Teus olhos,
ora entreabertos,
fitando terrosos, enigmáticos
em suas transparências.

Como se assistissem,
de longe, a mística cena,
do amante recostado,
numa bergère,
olhos ao vento,
a refolhar gravuras antigas
numa edição ocre, perdida,
achada nas estantes do acaso.

Tua nudez branca
espalhada na cambraia do tempo.

Perna em ângulo,
pendular em seu ir e vir.
Olhar perdido ao acaso
de encontrar o amante
ora entretido, distante,
num estelar comprimento,
que de repente pode ser nada.

Tua pele branca
tua perna que balança.

Tua boceta molhada,
ainda, do último gozo.

O relaxamento despudorado
da cumplicidade.
O olhar de pálpebras ao meio
a percorrer o quarto.

Cheiro acre de sexo,
da mistura de todos humores:
porra, gozo, água, suor, saliva,
lágrimas e sangue.

Miscigenam-se homem-mulher
na atmosfera amarela
do fim de tarde.

Brisa marinha
traz o sol do crepúsculo
na janela litorânea.

Olhos e sabores
recheiam as sensações
vívidas da tarde.

Os últimos raios ocidentais
reflectidos nas águas da enseada.

A maresia dos cheiros
afasta as cortinas
do último ocaso meridional.

O amante percebe
no sabor do amontillado,
sorvido do cristal,
a necessidade cósmica
da amante receptiva.

A tua pele branca,
despida na noite.
O silêncio tomado
mas pleno de sentido.

A taça repousada,
o vinho dos desejos,
O abat-jour imprimindo
novas sombras
nas paredes da alcova.

Tua pele branca
em imperceptível fremir,
pulsa sobre os panos brancos.

A língua que escolhe um fio
e segue o caminho da noite
no hotel do tempo.

por CAlex Fagundes
fotografia de Lyalka

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Teu brinquedo


Faz de mim o teu brinquedo,
Eu nua te espero,
Quente e húmida,
Usa-me...
Beija a minha pele,
Sente na tua língua a minha vontade
O meu corpo espasma de ânsia.
Aguarda que nele entres... quente...
te aguarda espada firme!
Brinca, fura a gruta quente que é tua.
Brinca no escuro quente da descoberta.
Agarra o corpo que é teu por um momento.
Sente estes mamilos tugidos que aguardam teu toque... uhm como te sentem... como esperam o teu calor.
Vem este corpo espera o teu brinquedo...

dedicado por Ana
fotografia de Gamini Kumara

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Meu brinquedo


Você quer me algemar?
Me desnudar
Me cobrir
Com beijos
Em seu olhar
Faíscam desejos
Quero te amar
Sem medo
Quero ser
Seu brinquedo
Quero te ver
Me desvendando
Me fodendo
Com amor
Estou nua
Te dizendo
Sem pudor
Me possua
Me ame sem medo
E seja meu brinquedo

por Liz Christine
fotografia de Hemail

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Inebriantes na dança do amor


Minha mente é só desejo:
Minha boca clama pelo teu beijo,
Meu corpo pulsa pelo teu toque,
Meu ser estremece pelo teu olhar.

Eu sou,
inteiramente,
lua,
nua,
tua.

Desejo acima de desejo
Corpo sustentando corpo
Alma comportando alma.

Tu
infinitamente
no meu
íntimo...

Nós dois
Inebriantes
Na dança do amor
A tocar
A sentir
A gozar
Na explosão do depois...

por Ana C. Pozza
fotografia de Elena Vasileva

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Desnúdame


Ven a navegar por mi cuerpo desnudo,
con tus manos ardientes de pasión
descubre mi sensibilidad
y ahógate en mis ríos de ansiedad.

Recorre cada parte de mi cuerpo,
que deseoso está de ti
estremécete y entrégate
que tu excitación me hace desmayar.

Acaríciame lentamente,
hazme resurgir
rodea mi cintura,
bésame con locura,
hazme delirar,
enrédate en mi cabello rizado
y no me dejes nunca escapar.

Mírame a los ojos
mientras tus manos siguen recorriendo mi cuerpo
encuentra mis oscuridades
y navega en ellas sin recelos.

Déjame sentir tu firmeza
que provoca jadeos y suspiros sin frenos ni esperas.

Ámame esta noche amor,
que necesito hoy sentirte dentro de mi
y disfrutar lo nuestro
como cada noche se vuelve éste...
nuestro tan esperado encuentro.

por Emma (México)
fotografia de David LeBeck

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Modo de amar ― IX


Enlaçam as pernas
as pernas
e as ancas

o ar estagnado
que se estende
no quarto

As pernas que se deitam
ao comprido
sob as pernas

E sobre as pernas vencem o gemido

Flor nascida no vagar do quarto

por Maria Teresa Horta
fotografia de autor desconhecido