domingo, 29 de dezembro de 2013

Boa Noite

A todas as minhas leitoras com os meus votos de um Feliz Ano Novo de 2014



Boa noite, Maria! Eu vou-me embora.
A lua nas janelas bate em cheio...
Boa noite, Maria! É tarde... é tarde...
Não me apertes assim contra teu seio.

Boa noite!... E tu dizes – Boa noite.
Mas não digas assim por entre beijos...
Mas não me digas descobrindo o peito,
– Mar de amor onde vagam meus desejos.

Julieta do céu! Ouve.. a calhandra
já rumoreja o canto da matina.
Tu dizes que eu menti?... pois foi mentira...
...Quem cantou foi teu hálito, divina!

Se a estrela-d'alva os derradeiros raios
Derrama nos jardins do Capuleto,
Eu direi, me esquecendo d'alvorada:
"É noite ainda em teu cabelo preto..."

É noite ainda! Brilha na cambraia
– Desmanchado o roupão, a espádua nua –
o globo de teu peito entre os arminhos
Como entre as névoas se balouça a lua...

É noite, pois! Durmamos, Julieta!
Recende a alcova ao trescalar das flores,
Fechemos sobre nós estas cortinas...
– São as asas do arcanjo dos amores.

A frouxa luz da alabastrina lâmpada
Lambe voluptuosa os teus contornos...
Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos
Ao doudo afago de meus lábios mornos.

Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos
Treme tua alma, como a lira ao vento,
Das teclas de teu seio que harmonias,
Que escalas de suspiros, bebo atento!

Ai! Canta a cavatina do delírio,
Ri, suspira, soluça, anseia e chora...
Marion! Marion!... É noite ainda.
Que importa os raios de uma nova aurora?!...

Como um negro e sombrio firmamento,
Sobre mim desenrola teu cabelo...
E deixa-me dormir balbuciando:
– Boa noite! –, formosa Consuelo...

por Castro Alves
fotografia de autor desconhecido

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Feliz Natal 2013


I was really good at being naughty this year.
Does that count for anything?


Para todas as minhas leitoras, com o meu desejo de que tenham tido umas Muito Boas Festas!!

Um beijo
Pedro M.

Fotografia de Jennifer Brennan

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Voluptuosidade


Invades-me a alma
Num beijo molhado
Que me aquece o corpo
E me leva à entrega absoluta.

Já não sei quem sou…

Perco-me nas partículas
Que te cobrem, envolvem,
E abarco-te com volúpia
No íntimo de mim.

Já não sei onde estou…

Em ondas uníssonas e ritmadas,
Entre gritos e gemidos,
Salivamos torrentes de amor
Que se quedam eternas.

Já não sei de mim…

O colapso final surge
Entre ejaculações e contracções
E palavras de amor
No declínio da tensão.

Já não somos dois…


por Vera Sousa Silva
fotografia de autor desconhecido

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Noite 10

sol poente nas pontas dos dedos com que te aliso a barba
(de quantos dias?)
tentando entender-te o sorriso
por detrás desse olhar matreiro de desejo indisfarçável,
quando me tomas aos poucos,
centímetro a centímetro de pele por explorar.
seda dizes.
cetim, confirmo.
nas tuas coxas de músculos tensos pela excitação.
e ainda só te aflorei os lábios
com o sol a pôr-se entre as minhas pernas
irrequietas pelo calor do teu sexo que goteja
chuva dourada no meu umbigo fremente...
cubo de gelo escaldante...
costas seguras pelos cabelos com que me arqueias o dorso...


por Anamar in Diário de uma Amante Virgem
fotografia de Tono Stano

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Sœur Caroline (confessions intimes 2)


Pardonnez moi mon Père parce que j’ai péché
Ce n’est pas une pipe à laquelle j’ai succombée
Cette fois-ci, mes entrailles ont été bénies
Car j’ai porté au creux de mes hanches
Un cierge, un goupillon, pour toute saillie
Un jardinier qui s’épanche

Pardonnez moi mon Père
Parce que j’ai péché
Je ferai 3 Avé et 2 Pater
Dans le but de me faire pardonner
Mais sauf le respect de votre sainteté
Je peux aussi vous proposer un marché

Votre pieu entre mes fesses
Avant ou après chaque messe
Vous ne serez pas le dernier des saints
A pécher au creux de mes reins
Car bien d’autres après vous mon père
Goûteront à mon délicieux derrière


por Ladge Damond in La Passion des Poèmes
fotografia de Alan Pedroso

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Dança

Eu me lembro de teu corpo
Esgueirando-se sensual
Pela gula de meu olhar.
No compasso rítmico,
Sibilando,
Trazendo para mim
Tua arte feita de carne.
Degusto na memória,
Ansioso,
O arfar de teus seios
E o suor de tua face.
Que gozo escondia teu sorriso?


por Paulo Mont'Alverne
fotografia de Wolf189

domingo, 27 de outubro de 2013

Sœur Caroline (dialogue)


"Sœur Caroline"
"Sœur Caroline"
"C’est vous bonté divine ?"
"Oui c’est moi, ton Dieu"
"Oh my god, mon dieu ??? "

"Sœur Caroline tu dépasses les bornes"
"Bonté divine, je ne suis qu’une none"
"As-tu oublié les vœux prononcés"
"Ceux du célibat, de la chasteté ?"
"Ceux là même que tu as bafoués !"

"Sœur Caroline, tu es pécheresse"
'Souhaitez vous que j’aille à confesse ?"
"Je te l’ordonne sur le champ"
"Eh bien soit, je m’y rends"
"Attention, c’est la dernière fois que je t’y prends"
"Ainsi je l’entends, et je me repends"


por Ladge Damond in La Passion des Poèmes
fotografia de Filippo (Blackwinged666)

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Modo de amar II


Pôr-me-ás de borco,
assim inclinada…

a nuca a descoberto,
o corpo em movimento…

a testa a tocar
a almofada,
que os cabelos afloram,
tempo a tempo…

Pôr-me-ás de borco;
Digo:
ajoelhada…

as pernas longas
firmadas no lençol…

e não há nada, meu amor,
já nada, que não façamos como quem consome…

(Pôr-me-ás de borco,
assim inclinada…

os meus seios pendentes
nas tuas mãos fechadas.)


por Maria Teresa Horta in As Palavras do Corpo
fotografia de Gordon Denman

domingo, 6 de outubro de 2013

Sœur Caroline (la sexte)


A la sixième heure du jour, la sexte,
La rime est imparfaite mais facile
Sœur Caroline a envie de sexe
Point d’objets ou de doigts habiles
Sœur Caroline veut une verge,
Une vraie, une dure, même une vierge

A l’automne, le sol se pare de feuilles dorées
Quelle aubaine, la venue de ce jardinier
A l’heure de sa promenade quotidienne
Sœur Caroline d’un coup se jette comme une chienne
Sur l’homme courbé, occupé à ramasser
Les feuilles mortes, celles qui jonchent le pavé

L’homme surpris n’en est pas pour autant déconfit
Son fantasme se réalise enfin, il prend vie
Sœur Caroline relève sa robe noire
Et derrière les buissons, enfourche sa monture
Elle peut enfin caresser le désir de s’asseoir
Sur une verge tendue, une belle, une bien dure

Les audacieux s’ébrouent sous un ciel consterné
Qui voit d’un mauvais œil, les voeux oubliés
Et, aux dernières secousses
Le tabernacle de Sœur Caroline s’emplit
D’une douceur aigre douce
Mais celui-ci ne donnera pas vie


por Ladge Damond in La Passion des Poèmes
fotografia de Sebastian Faena

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Nossos corpos


Nossos corpos
se cruzam e descruzam
como serpentes
cálidas
se enroscam
e se apertam
atarracham
num crescendo
sem limite.

Há gemidos delirantes
há percussões arrítmicas
respirações ofegantes
empastadas em suor
até ao êxtase
e ao torpor.

Não há discurso
erótico
que resista
à mudez
desta nudez
tumultuosamente
sinfónica.


por Noel Ferreira
fotografia de autor desconhecido

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Sœur Caroline (la tierce)


A la tierce, la troisième heure du jour
Sœur Caroline le souffle court
Remonte sa robe de religieuse
A l’abri du regard des pieuses

Confinée dans le confessionnal
Au coin le plus sombre de l’abbatiale
Sœur Caroline s’adonne au plaisir vaginal
Dans le silence pesant, matinal

Sa main caresse sa toison
Ses doigts titillent son con
Elle sent son vagin se contracter
Elle se sent le désir de le pénétrer

Comme chaque matin, du cierge elle se saisit
Un cierge qui n’est pas béni
Mais qu’importe il fait bien l’affaire
Que ce soit par devant ou par derrière

Sœur Caroline jouit
Comme une cochonne, comme une chienne
Sœur Caroline est au paradis
Bien au-delà du septième ciel

Sœur Caroline crie
Aucun son qu’elle ne retienne
Elle s’extasie
Il est impossible qu’elle s’abstienne

Sœur Caroline prie
Prie pour ne pas qu’on la surprenne
Ici en plein délit
Et que personne ne la comprenne


por Ladge Damond in La Passion des Poèmes
fotografia de Michael Cline

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Pecado mortal


Esta noite,
sê o meu escândalo,
o meu pecado mortal...
O meu espaço
a minha fronteira...
A minha alma em júbilo,
o meu corpo em êxtase...
E, depois...
Não esqueças o meu nome...


por Marta Vinhais
fotografia de autor desconhecido

sábado, 21 de setembro de 2013

Como joya de carne


Como joya de carne, como rosa de vida,
desnuda te sentabas encima de mis piernas.
Eras como una rosa abierta en un ciprés,
como una mariposa en una calavera.
Dios creaba de nuevo el paraíso
si tu risa de oro y plata bordaba mi tristeza.
Yo venía del mundo de los muertos, tan sólo
por tenerte en mis manos temblorosas y ciegas.
Después la brisa que eras tú se fue cantando...
Se apagó el sol. Ya nunca volvió el alba a la tierra.
Y en la sombra constante te perseguí, llorando
como un niño, de cima en cima, en las estrellas.


por Juan Ramón Jiménez
fotografia de autor desconhecido

domingo, 15 de setembro de 2013

Sœur Caroline (les Laudes)


La prière des laudes, dès l’aurore
Les rêves de Soeur Caroline s’évaporent
Elle se lève et contemple son corps dénudé
Au reflet de l’eau d’un vieux récipient émaillé
Il y a en elle comme un goût d’inachevé
Le reste d’une vie qu’elle ne veut pas gâcher

L’eau fraîche du matin glisse sur sa peau
Se faisant dresser la pointe de ses seins
Dessinant comme des ruisseaux
Le long de la courbure de ses reins
Charriant la moiteur de la nuit
Pour enfin atteindre son pubis

Elle badigeonne son bas ventre
D’une crème onctueuse et odorante
Et approchant la lame aiguisée
D’un rasoir frauduleusement importé
D’un geste rapide et assuré
Elle tranche le poil

Peau douce, et chatte rasée
Soeur Caroline caresse son minet
Elle savoure ce moment divin
Ce rituel du quotidien
Une dernière onction d’huile sainte
Parfumant son sexe d’absinthe

Mais l’heure des laudes a sonné
Soeur Caroline sort de ses pensées
Elle enfile sa culotte de dentelle
Et déroule ses bas de soie
Plonge dans sa robe de pucelle
Et part rejoindre ses Soeurs de foi


por Ladge Damond in La Passion des Poèmes
fotografia de Stanislav Blagenkov

domingo, 8 de setembro de 2013

Esta noite


Esta noite
Tranquiliza-me a alma

Afaga-me o corpo
Sem perguntas, sem respostas

Apenas
O olhar cúmplice
O beijo imenso
têm hoje aqui voz...


dedicado por uma leitora anónima
fotografia de Sanvean

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Carmim


Não te digo tanto quanto
quero
nem te faço tudo quanto sonho

Não me basto junto a ti
secreta
quanto me entrego e a ti me oponho

Não te conto sequer
porque imagino
ser o desejo o carmim da boca

Morro de sede perto dos teus lábios
de ti quero ir bebendo
e ficar louca


por Maria Teresa Horta in As Palavras do Corpo
fotografia de autor desconhecido

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Sœur Caroline (confessions intimes 1)


Pardonnez moi mon Père parce que j’ai péché
Au goût de la pipe j’ai succombé
Non celle qu’on fume mais celle qu’on lèche
Plusieurs de mes doigts ont caressé
Les contours de ma brèche
Votre goupillon j’ai utilisé
Comme un objet qui va et vient
D’encens je me suis parfumée
En vue d’attirer à moi tous les seins
Soyez rassuré mon Père, la Mère Sup a osé
Me demander prestement d’aller à confesse
Et de ses mains expertes m’a corrigée
D’une petite tape sur mes fesses

Pardonnez moi mon Père
Parce que j’ai péché
Je ferai 3 Avé et 2 Pater
Dans le but de me faire pardonner
Mais sauf le respect de votre indulgence
Je peux aussi vous proposer un marché
Une caresse sur mes hanches
Et plus si affinité
Vous ne serez pas le premier des saints
A péché au creux de mes reins
Bien d’autres avant vous mon Père
Sciemment ou sur un malentendu
Ont goûté aux délices de ma chair
Au fruit défendu


por Ladge Damond in La Passion des Poèmes
fotografia de autor desconhecido

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Regresso de férias



É tão boooommmm estar de volta

Um beijo

Pedro M
fotografia de autor desconhecido

domingo, 1 de setembro de 2013

Férias V (terminaram)



Manhãs de neblina... manhãs de preguiça... chegaram ao fim!
A partir de amanhã, sempre in no Porto.

Um beijo

Pedro M

fotografia de Greg Lotus

P.S.: Durante este período tive o telemóvel quase sempre desligado, embora contactável via email (pedrom1966@gmail.com). A partir de amanhã, também o telemóvel passará a estar disponível.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Sœur Caroline (aventures canoniales 1)


Sous sa robe aux idées pures
Rien n’était moins sûr
A l’heure des matines
Elle se sentait déjà coquine
La dentelle à la place du coton
Des dessous sexy pour seule religion

Sous sa robe aux idées pures
C’était toute une aventure
Rien qu’à la vue du goupillon
Elle sentait monter l’émotion
l’envie d’en détourner sa fonction
Juste pour quelques sensations

Sous sa robe aux idées pures
Se cachait un brin de luxure
Seule dans sa chambre, le soir
Elle caressait son chat noir
Jusqu'à miauler de désir
Jusqu’à rougir de plaisir

Sans sa robe aux idées pures
Soeur Caroline en était sûre
Sous l’effet de ses doigts mouillés
ses lèvres commençaient à saliver
Toutes les «voies» sont-elles impénétrables
En tout cas pas celles de Caroline, la charitable


por Ladge Damond in La Passion des Poèmes
fotografia de Maksim Chuprin

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Férias IV



Manhãs de neblina... manhãs de preguiça...
Às vezes in, às vezes out of Porto.

Um beijo

Pedro M

fotografia de autor desconhecido

P.S.: Durante este período terei o telemóvel quase sempre desligado. No entanto, continuarei contactável via email (pedrom1966@gmail.com). Terei todo o prazer em receber as vossas mensagens e em lhes responder.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Sœur Caroline (les matines)



Soeur Caroline assoupie
Abandonnée aux bras de Morphée
Elle rêve

Aux matines endormies
Éros est sa divinité
Son fantasme, son envie
Son secret, son péché
Elle rêve

Aux matines endormies
Elle caresse son corps évanoui
Du galbe de ses seins
Au creux de ses reins
Elle rêve

Aux matines endormies
Soeur Caroline gémit
Elle crève le silence
De ses cris de délivrance
Elle ne rêve plus
Aux matines endormies
Soeur Caroline jouit


por Ladge Damond in La Passion des Poèmes
fotografia de Jiri Ruzek

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Férias III



Ui!!! Este fim-de-semana o vento por aqui chegou a ser frio!!!
Às vezes in, às vezes out of Porto.

Um beijo

Pedro M

fotografia de autor desconhecido

P.S.: Durante este período terei o telemóvel quase sempre desligado. No entanto, continuarei contactável via email (pedrom1966@gmail.com). Terei todo o prazer em receber as vossas mensagens e em lhes responder.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Sœur Caroline (le Prime)



Première heure du jour, le Prime
Les fantasmes oubliés de Soeur Caroline
Reviennent comme un refrain lancinant
Mais à l’heure de la prière, point le temps
Pour Soeur Caroline de se caresser
De pénétrer le coeur de son intimité

Et pourtant, son devoir oubliant
Postée seule au dernier rang
Dans l’ombre confiné de la chapelle
Elle soulève sa robe de pucelle
Mouille son doigt délicatement
Et passe la main sous son string de dentelle

Elle sent ses lèvres s'humidifier
Son entrecuisse se réchauffer
Soudain le doigt dérape
Dans le saint tabernacle
Un gloussement étouffé
Fait sa voisine se retourner

Un sourire au coin des lèvres
Soeur Caroline se sait perverse
Le souffle saccadé
Au rythme lent du Kyrié
Soeur Caroline prie, à sa manière
Que nulle religion ne tolère


por Ladge Damond in La Passion des Poèmes
fotografia de Sebastian Faena

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Férias II



mmm... adorável brisa...
Por vezes in, por vezes out of Porto.

Um beijo

Pedro M

fotografia de Anton Rostovskiy

P.S.: Durante este período terei o telemóvel quase sempre desligado. No entanto, continuarei contactável via email (pedrom1966@gmail.com). Terei todo o prazer em receber as vossas mensagens e em lhes responder.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Férias



Férias... durante um longo e apetecível mês estarei in & out of Porto. Percorrerei praias atlânticas onde a frescura de uma brisa se faça sentir.

Um beijo
Pedro M

P.S.: Durante este período terei o telemóvel quase sempre desligado. No entanto, continuarei contactável via email (pedrom1966@gmail.com). Terei todo o prazer em receber as vossas mensagens e em lhes responder.


Pedro M
fotografias de Simon Bolz

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Égua

Égua
légua
correndo
deitada
é regra
é régua
de mão
mede anca
ânsia
seio
suor
cone
ciclone
indefeso
indeciso
entra
vem
sai
vai

cai
no poço
lodo
no visgo
de todas
as bocas
frouxas
força
na coxa
de louça
mordido
beiço
pêlo
lambido

agora
é mera
Mula
turra
nua
curra
surra
de porra
caldo
deitado
no rego
sebo
seco
nau
de carne
a pique
cozendo
no sal
da entranha:
sopa
de sexo

por Naâmir
fotografia de Garm

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Palpitando alucinado



Não bateu inspiração...
O que me move
É esta enlouquecida paixão
Que dispara o coração
A cada suspiro de saudade
Quando aumenta a vontade
De encontrar os doces lábios teus...

E todo o meu corpo,
Palpitando alucinado,
Volta-se a esta saudade
Espreguiçando-se num cansaço
Só pra ter o teu abraço
Enlaçando apertado
Todo o desejo meu...


por Ana C. Pozza
fotografia de Simon Bolz

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Os amores, V: 1-1, 9-26



Era intenso o calor, passava do meio dia;
Estava eu em minha cama repousando.
(...) Eis que vem corina numa túnica ligeira,
Os cabelos lhe ocultando o alvo pescoço;
Assim entrava na alcova a formosa Semiramis,
Dizem, e Laís que amaram tantos homens.
Tirei-lhe a túnica, mas sem empenho de vencer:
Venceu-a, sem mágoa, a sua traição.
Ficou em pé, sem roupa, ali diante de meus olhos.
Em seu corpo não havia um só defeito.
Que ombros e que braços me foi dado ver, tocar!
Os belos seios, que doce comprimi-los!
Que ventre mais polido logo abaixo do peito!
Que primor de ancas, que juvenil a coxa!
Por que pormenorizar? Nada vi não louvável,
E lhe estreitei a nudez contra o meu corpo.
O resto, quem não sabe? Exaustos, repousamos.
Que outros meios-dias me sejam tão prósperos.


por Ovídio
in Poesia erótica em tradução, José Paulo Paes, Companhia das Letras, 1990
fotografia de Dmitry Chapalas

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha



Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus barcos...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...


por Florbela Espanca
fotografia de Tatiana Mikhina

sexta-feira, 29 de março de 2013

Mulher andando nua pela casa


Mulher andando nua pela casa
envolve a gente de tamanha paz.
Não é nudez datada, provocante.
É um andar vestida de nudez,
inocência de irmã e copo d'água.

O corpo nem sequer é percebido
pelo ritmo que o leva.
Transitam curvas em estado de pureza,
dando este nome à vida: castidade.

Pêlos que fascinavam não perturbam.
Seios, nádegas (tácito armistício)
repousam de guerra. Também eu repouso.


por Carlos Drummond de Andrade
fotografia de autor desconhecido

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Vertigem


Quando sob o meu
está o teu corpo
e eu nado dentro
do desejo e enlaço

os teus ombros as ancas
e o dorso
enquanto o espasmo se faz
num outro abraço

Desprendo a boca
depois
no grito solto

mordo-te os pulsos
ambos
no orgasmo

volto ao de cima
da água
do meu gosto

Bebo-te a vertigem
e em seguida o hálito.


por Maria Teresa Horta
fotografia de autor desconhecido

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Entre lençóis


Envoltos pela névoa de linho
os amantes se olham
indescobertos...

Envoltos por sins e temores
os amantes se tocam
cautelosamente...

Envoltos por olhos ardentes...
os amantes se desejam
misteriosamente...

Envoltos... no quarto fechado
há um não sobrar de
espaço para dois

As palavras sussurram delicadamente
prazeres inconfessáveis e não ditos
Mãos espalmadas em busca de espaço
desafiando as leis da física...
Pernas, ora trançadas ora retesadas...
querendo quebrar todos os limites
Bocas em beijos, em cada milímetro...
engolindo toda a possível resistência

Entre lençóis,
os amantes se esquecem
eternamente do tempo...

Para quê tempo?
se, entre lençóis, eles
vivem tão intensamente?...

E... bem cá entre nós
— Para quê mais os lençóis?...


por Djalma Filho
fotografia de autor desconhecido

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Por decoro


Quando me esperas, palpitando amores,
e os lábios grossos e úmidos me estendes,
e do teu corpo cálido desprendes
desconhecido olor de estranhas flores;

quando, toda suspiros e fervores,
nesta prisão de músculos te prendes,
e aos meus beijos de sátiro te rendes,
furtando às rosas as purpúreas cores;

os olhos teus, inexpressivamente,
entrefechados, lânguidos, tranqüilos,
olham, meu doce amor, de tal maneira,

que, se olhassem assim, publicamente,
deveria, perdoa-me, cobri-los
uma discreta folha de parreira.


por Artur Azevedo
fotografia de Pavel Kiselev

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Nossos corpos


Nossos corpos
se cruzam e descruzam
como serpentes
cálidas
se enroscam
e se apertam
atarracham
num crescendo
sem limite.

Há gemidos delirantes
há percussões arrítmicas
respirações ofegantes
empastadas em suor
até ao êxtase
e ao torpor.

Não há discurso
erótico
que resista
à mudez
desta nudez
tumultuosamente
sinfônica

por Gilka Machado
fotografia de Will Santillo

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Passional


Seu olhar me desconcerta
Penetrante Inquietante
O prazer que em mim desperta
Inquietante Deslumbrante
Ter você sob as cobertas
Deslumbrante Fascinante

O fascínio do teu corpo
Me perco em suas curvas
Em cada esquina deste corpo

Você é minha perdição
Ao mesmo tempo é a razão
Da escrita com paixão

Observo contemplando
Esperando
Sua ação
Faça comigo o que desejar
Sei que vou gostar

Não quer escrever?
Não. Quero apenas você
Linda envolvente
Eterna adolescente
De beleza incandescente

Sua sensualidade latejando
Seus olhos convidam
Todo meu corpo desejando
Você me acariciando

Acabo por escrever
sobre a intensidade
De te querer

Inteligência provocante
A libido reclama
sufocante
Presença fascinante
Em minha cama
Ou banheiro, cozinha, chão
Só importa nossa paixão

por Liz Christine
fotografia de Ruslan Lobanov

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Poema ao desejo



Empurra a tua espada
no meu ventre
enterra-a devagar até ao cimo

Que eu sinta de ti
a queimadura
e a tua mordedura nos meus rins

Deixa depois que a tua boca
desça
e me contorne as pernas de doçura

Ó meu amor a tua língua
prende
aquilo que desprende da loucura

por Maria Teresa Horta
fotografia de autor desconhecido

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Erótica

A todas as minhas leitoras com os meus votos de um Feliz Ano Novo de 2013




A noite descia
como um cortinado
sobre a erva fria
do campo orvalhado.

e eu (fauno em vertigem)
a rondar em torno
do teu corpo virgem,
sonolento e morno,

pensava no lasso
tombar do desejo;
em breve, o cansaço
do último beijo...

E no modo como
sentir menos fácil
o maduro pomo
do teu corpo grácil:

ou sem lhe tocar
— de tanto o querer! —
ficar a olhar,
até o esquecer,

ou como por entre
reflexos do lago,
roçar-lhe no ventre
luarento afago;

perpassando os meus
nos teus lábios húmidos,
meu peito nos teus
brancos
seios
túmidos...


por Carlos Queirós
fotografia de autor desconhecido