domingo, 30 de janeiro de 2011

Lettera amorosa


Respiro o teu corpo:
sabe a lua-de-água
ao amanhecer,
sabe a cal molhada,
sabe a luz mordida,
sabe a brisa nua,
ao sangue dos rios,
sabe a rosa louca,
ao cair da noite
sabe a pedra amarga,
sabe à minha boca.

por Eugénio de Andrade
fotografia de Vlad Gansovsky

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Oferenda


Ofereço-te a minha boca,
E o rijo seio que tenho
Oculto em brancas rendas.
Atrevido! Para ti não liberei
O restante do meu corpo...

Por que não começas
Lentamente a conquistar
Cada pedaço de mim?
Sou terra desconhecida
De montes e matas fechadas,

Curvas sinuosas e perigosas
Por onde vivem a caminhar
As feras dos meus desejos.
Afoito, já queres ir à caverna
Sem antes reconhecê-la...

Não temes as armadilhas?
Nela podes ficar retido,
Perdido, sem tino nem rumo,
Como num labirinto de aço
Atraído pelo ímã que ela possui.

Por agora deves te contentar
Com a oferenda do começo,
Pois o melhor do banquete
Vem depois que se come
O prato servido de entrada...

por Maria Hilda de Jesus Alão
fotografia de Dmitriy Besov

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O momento em que o desejo foi morto


Encontraram-se.
Olharam-se.
E quase sem proferir uma palavra, suas bocas selaram num beijo há muito desejado.
Um beijo forte, apertado, intenso...
Um beijo que parecia não ter fim, e eles desejavam que assim fosse...
Tentaram parar... impossível. Tinham que continuar. As suas bocas clamavam uma pela outra, as mãos dele buscavam o corpo dela, cheio de desejo, descobrindo todos os cantos secretos que ela tinha.
E ela... ela entregava-se com a mesma vontade, encostando o seu corpo ao dele, sugando cada minuto como se fosse o último.
Ambos tremiam, tremiam de prazer...
Era muito forte o que os unia nesse momento... momento único... momento intenso... momento sublime.
Nada mais existia para além deles ali...abraçados num longo beijo...
As suas respirações estavam aceleradas e rapidamente tinham que matar o desejo.
Encontrado o local, o tempo parou, o sol brilhou, e de novo o beijo recomeçou...
As roupas espalhadas pelo chão, a cama, dois corpos nela deitados, banhados em suor, matando o desejo...
Não falavam, apenas se beijavam. Com tal ânsia, com tal vontade, com tal desejo... parecia que o mundo iria acabar no momento seguinte... era tal a intensidade com que faziam amor... Sim! Só podia ser amor!...
E repetiram mais uma, e mais outra vez, e mais outra vez, até não terem força para continuar.
E nesse momento, o desejo foi morto...

por Carla Oliveira
fotografia de Gordon Denman

Este texto foi-me enviado pela autora.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Mãos de desejo


Mãos embriagadas de desejo
Procuram as portas do prazer
Para escancará-las à luz
Que brilha na aurora do leito,

Quando os amantes acordam
Com olhos cheios de estrelas
Fixados no céu azul.
Sobre a relva, entre eucaliptos,

As mãos parecem cântaros
Saciando a sede dos corpos,
Ávidos de água bendita
Que lhes brota nas bocas

Quando na relva se unem.
E embotando os sentidos,
Fundem-se em peça única
Com a seiva que gera vida,

Vinda de cimbalístico orgasmo
Vibrando mais que campanários,
Lançam no ar os milhões de notas
Que compõem a ária do amor

Que só as almas podem cantar
Em momento tão sublime,
Os versos nascidos instantâneos
Durante o acto de amar.

por Maria Hilda de Jesus Alão
fotografia de Tolik Dydnik

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Votos de um Bom Ano de 2011


Caras leitoras, espero que tenham tido umas mini-férias de Natal com muitos momentos bons e muitas prendinhas, principalmente daquelas que vos dão muuuuuuuuuiiiiiiito prazer :-)
Este ano prometi a mim mesmo que actualizaria este blog com mais frequência. Espero conseguir cumprir esta promessa.

Para todas vós, votos de um Ano de 2011 cheio de felicidade, atrevimento, loucuras e desejos! Que as vossas fantasias e desejos se tornem realidade! Ah!!... e muuuuuiiiito prazer :-)

Beijinhos

Pedro M

Fotografia de Garm