quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

11 kisses

A todas as minhas leitoras com votos de Boas Festas, um pequeno poema lembrando as delícias das suaves manhãs entre lençóis, nestes frios dias de Natal.



One kiss
On my cheek
Tell me softly
"You make me weak"

Two kisses
On my chin
Touch me gently
Make me grin

Three kisses
Around my ear
Whisper to me
"I want you here"

Four kisses
Down my neck
Hold me close
I catch my breath

Five kisses
On my breast
Your fingers play
Their sweet caress

Six kisses
Down my side
Tell me "hold still"
And I abide

Seven kisses
My pants slide down
Your hands move
My hips are found

Eight kisses
Kiss those lips
Traced & joined
By fingertips

Nine kisses
Between my thighs
Lips & tongue
They make me sigh

Ten kisses
I'm over-the-top
I press you in
"Oh please, don't stop"

One last kiss
I am complete
Thank you, thank you
I pant, I breathe

by Stevie
photography by Simon Bolz

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Gozo IX


Ondula mansamente a tua língua
de saliva tirando
toda a roupa...

já breves vêm os dias
dentro de noites já
poucas.

Que resta do nosso
gozo
se parares de me beijar?

Oh meu amor...
devagar...
até que eu fique louca!

Depois... não vejas o mar
afogado em minha
boca!

por Maria Teresa Horta
fotografia de autor desconhecido

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

L'Amant

Le soir quand il dort à mes côtés Mon corps me réclame des caresses, des baisers Il n'y a que moi sans sommeil et pourtant nous sommes deux A braver l'interdit du désir et du jeu Oh oui joue avec moi avec tes pensées Mes cuisses ruissèlent de désir, toutes mouillées Mes doigts glissent, tu m'effleure Et je sens gonfler en toi ton honorable grandeur Ma bouche salive et ma langue cherche ton gland Oh vient que je te gâte mon excitant amant La douceur de ton toucher, ton souffle chaud sur mes seins Et cette ardeur imperceptible qui monte dans mes reins Pour ne pas trahir mon plaisir je gémis en silence Quand monte en moi enfin l'ultime jouissance Mon corps frémit tu me retiens D'une tension électrique jusqu'au bout de mes seins De tout mon être de toi je me languis Dans ce frémissant plaisir déjà tu t'évanoui Encore moite et détendue je m'endors en souriant Imaginant mon plaisir de te rencontrer... mon Amant. par Aphrodisia photographie de Simon Bolz modèle: Marjana

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Gozo VIII


Em cada canal
a sua veia

o veio que entumece
no fundo da sua teia

Em cada vento
o seu peixe
no tempo que a água tenha

sedosa na sua sede
viciosa em sua esteira

Da seda
o tacto e o suco
dos lábios à sua beira

como se fosse um beiral
do corpo
p'ra língua inteira

ou o lugar para guardar
o punhal
que se queira

Em cada punho
o seu ócio

um cinzel
de lisura

com a doçura do pranto
da prata e bronze
a secura

O travesseiro não apoia
as pernas já afastadas
mas ajusta as ancas dadas

Escalada
que se empreende na pele das tuas nádegas

Em cada corpo há o tempo
no gozo da sua adaga

Mas só no teu há o espasmo
com que o teu pénis
me alaga

por Maria Teresa Horta
fotografia de Garm

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Momento


Chegado o momento
em que tudo é tudo
dos teus pés ao ventre
das ancas à nuca
ouve-se a torrente
de um rio confuso
Levanta-se o vento
Comparece a lua
Entre línguas e dentes
este sol nocturno
Nos teus quatro membros
de curvos arbustos
lavra um só incêndio
que se torna muitos
Cadente silêncio
sob o que murmuras
Por fora por dentro
do bosque do púbis
crepitam-me os dedos
tocando alaúde
nas cordas dos nervos
a que te reduzes
Assim o momento
em que tudo é tudo
Mais concretamente
água fogo música

por David Mourão-Ferreira
fotografia de Anatoly Bolkov

domingo, 27 de novembro de 2011

Gozo VII


São as tuas nádegas
na curva dos meus dedos

as tuas pernas
atentas e curvadas

O cravo — o crivo
sabor da madrugada
no manso odor do mar das tuas
espáduas

E se soergo com as mãos
as tuas coxas
e acerto o corpo no calor
das vagas

logo me vergas

e és tu então
que tens os dedos
agora
em minha nádegas

por Maria Teresa Horta
fotografia de Ruslan Lobanov

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Inspirações do claustro (trechos)


Aqui — já era noite... eu reclinei-me
Nas moles formas do virgíneo seio:
Aqui — sobre ela eu meditei amores
Em doce devaneio.

Aqui — inda era noite... eu tive uns sonhos
De monstruosa, de infernal luxúria:
Aqui — prostrei-me a lhe beijar os rastros
Em amorosa fúria.

...

Aqui — era manhã... via-a sentada
Sobre o sofá – voluptuosa um pouco:
Aqui — prostrei-me a lhe beijar os rastros
Alucinado e louco.

...

Aqui — oh quantas vezes!... eu a tive
Unida a mim — a derreter-se em ais:
Aqui – ela ensinou-me a ter mais vida,
Sentir melhor e mais.

Aqui — oh quantas vezes!... eu a tive
Em acessos de amor desfalecida!
Lasciva e nua — a me exigir mais gostos
Por sobre mim caída!

por José Joaquim Junqueira Freire
fotografia de autor desconhecido

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Assim que te despes


Assim que te despes
as próprias cortinas
ficam boquiabertas
sobre a luz do dia

Os teus olhos pedem
mas a boca exige
que te inunde as pernas
toda a luz do dia

Até o teu sexo
que negro cintila
mais e mais desperta
para a luz do dia

E a noite percebe
ao ver-te despida
o grande mistério
que há na luz do dia

por David Mourão-Ferreira
fotografia de Dmitry Chapalas

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Assim que te despes


(Versão cantada por Cristina Branco)

Assim que te despes
as próprias cortinas
ficam boquiabertas
sobre a luz do dia

Os teus olhos pedem
mas a boca exige
que te inunde as pernas
toda a luz do dia

Até o teu sexo
que negro cintila
mais e mais desperta
para a luz do dia

E a noite percebe
ao ver-te despido
o grande mistério
que há na luz do dia

por David Mourão-Ferreira
fotografia de Trevor Watson

sábado, 12 de novembro de 2011

Gozo VI


São de bronze
os palácios do teu sangue

de cristal absorto
ensimesmado

São de esperma
os rubis que tens no corpo
a crescerem-te no ventre
ao acaso

São de vento — são de vidro
são de vinho
os líquidos silêncios dos teus olhos

as rutilas esmeraldas que
sozinhas
ferem de verde aquilo que tu escolhes

São cintilantes grutas
que germinam
na obscura teia dos teus lábios

o hálito das mãos
a língua — as veias

São de cúpulas crisálidas
são de areia

São de brandas catedrais
que desnorteiam

(São de cúpulas crisálidas
são de areia)

na minha vulva
o gosto dos teus espasmos

por Maria Teresa Horta
fotografia de Garm

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Mania de você


Meu bem, você me dá água na boca
Vestindo fantasias, tirando a roupa
Molhada de suor de tanto a gente se beijar
De tanto imaginar loucuras

A gente faz amor por telepatia
No chão, no mar, na Lua, na melodia...
Mania de você, de tanto a gente se beijar,
De tanto imaginar loucuras...

Nada melhor do que não fazer nada
Só pra deitar e rolar com você...
Nada melhor do que não fazer nada
Só pra deitar e rolar com você...

por Rita Lee e Roberto de Carvalho
fotografia de Igor Lateci

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Gozo V


Vigilante a crueldade
no meu ventre

A fenda atenta
e voraz
que devora o que é
dormente

a febre que a boca
empresta
a vela que empurra o vento

a vara que fende
a carne

a crueldade que entende
o grito sobre o orgasmo
que me prende e me desprende

por Maria Teresa Horta
fotografia de autor desconhecido

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Te amo


A lembrança é concreta
Teu hálito roça-me a face
O desejo afasta o ridículo
No suor o visco do esperma
Na boca o gosto
do falo
Indecentes
Tuas mãos
Tateiam meu corpo

o orgasmo varre
valores, pecados
Te amo.

por Sônia Fátima da Conceição in Cadernos Negros
fotografia de Garm

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Gozo IV


Que tenhas de mim
o contorno incerto
acertado nas linhas do
teu corpo

os dentes nos lóbulos e no pescoço
os lábios
a língua a cobrirem os ombros

por Maria Teresa Horta
fotografia de autor desconhecido

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Escrevo com o teu sexo nos olhos


Escrevo com o teu sexo
nos olhos. Aproximo a língua do chão
onde uma flor de carne brilha.

O teu olhar derrama-se nas areias do meu corpo,
as tuas unhas na raiz dos meus cabelos,
a tua língua nos músculos mais íntimos.

Amo-te, mulher de sangue e mais leve
que mil galáxias; mais densa que ruínas
acabadas de nascer. Floresço em tuas terras
enquanto inteira te alojas
no meu sangue. Beber-te e ser bebido
por ti: aurora! Comer-te e ser comido por ti
em glória. Deixa-me ser o eterno adolescente
da tua noite; desfazer-me em conchas
onde a luz se aloja, e a sua sombra.


por Casimiro de Brito
fotografia de Simon Bolz

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Gozo III


Põe meu amor
teu preceito

teu pénis
meu pão tão cedo
de vestir e de enfeitar
espasmos tomados por dentro

e guarnecer o deitar
daquilo que vou gemendo

Meu amor
por me habitares
com jeito de teu
invento

ou com raiva
de gritares
quando te monto e me fendo

por Maria Teresa Horta
fotografia de Garm

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Prazer


Sabes como tornar o meu corpo dócil…

Ajoelho-me…
Para te saborear,
sentir o teu desejo na minha boca…

Completas-me….
Com a tua mão na nuca,
excitada e excitante…
Com o teu grito,
quando me ergues…
Quando as minhas pernas enlaçam
a tua cintura…
E a minha boca te exige uma resposta…

Línguas enroscam-se…

Braços apertam-se…

Desenha-se,
em cada um de nós,
as curvas dos corpos suados…

Caímos na cama
e abandonamo-nos
ao silêncio do prazer…

escrito e dedicado por uma amiga
fotografia de Pavel Kiselev

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Meu corpo teu ninho


A simples lembrança dos teus dedos na minha nuca me arrepiam
Teu cheiro me habita a alma e meu peito, arfante, te recebe.
Me abraça, vem dormir comigo
Me ajuda a apagar do peito aquela dor do querer.
A noite se instala em mim.
Lá fora, apenas o silêncio da noite do teu olhar.

Vem.
Ocupa com teu corpo esse abrigo que te chama.
Volta a ser minha morada, teu abrigo
Faz de mim tua caverna, teu porto seguro.
Faz do meu corpo teu ninho.

Atordoada pelas saudades crescentes,
meu corpo todo se ouriça à tua procura.

por Léa Waider
fotografia de Ji

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Gozo II


Desvia o mar a rota
do calor
e cede a areia ao peso
desta rocha

Que ao corpo grosso
do sol
do meu corpo
abro-lhe baixo a fenda de uma porta

e logo o ventre se curva
e adormece

e logo as mãos se fecham
e encaminham

e logo a boca rasga
e entontece

nos meus flancos
a faca e a frescura
daquilo que se abre e desfalece
enquanto tece o espasmo o seu disfarce

e uso do gozo
a sua melhor parte

por Maria Teresa Horta
fotografia de Garm

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Gozo I


Linho dos ombros
ao tacto
já tecido

Túnica branda
cingida sobre as
espáduas

Os rins despidos
no fato já subido
as tuas mãos abrindo a madrugada

Linho dos seios
na roca dos sentidos
a seda lenta sedenta na garganta

a lã da boca
cardada
no gemido

e nos joelhos a sede
que os abranda

Linho das ancas
bordado
de torpor

a boca espessa
o fuso da garganta

por Maria Teresa Horta
fotografia de Tolik Dydnik

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Soneto de Agosto


Tu me levaste, eu fui... Na treva, ousados
Amamos, vagamente surpreendidos
Pelo ardor com que estávamos unidos
Nós que andávamos sempre separados.

Espantei-me, confesso-te, dos brados
Com que enchi teus patéticos ouvidos
E achei rude o calor dos teus gemidos
Eu que sempre os julgara desolados.

Só assim arrancara a linha inútil
Da tua eterna túnica inconsútil...
E para a glória do teu ser mais franco

Quisera que te vissem como eu via
Depois, à luz da lâmpada macia
O púbis negro sobre o corpo branco.

por Vinicius de Moraes
fotografia de Aleksandr Zhernosek

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Pecadora


Ó pecadora de olhos langorosos,
quero pecar contigo alguns momentos,
beijar teus rubros lábios saborosos
como a polpa dos frutos sumarentos!

Sentir nos meus braços luxuriosos,
alvos braços que são os meus tormentos;
beijar teus olhos úmidos de gozos,
úmidos de volúpias, sonolentos...

A mim pouco me importa o teu futuro;
o teu corpo é que quero, puro ou impuro,
na súbita explosão dos meus desejos...

Nossas horas de amor serão bem poucas;
depois vai à procura de outras bocas
que irei também em busca de outros beijos!

por Salomão Jorge
fotografia de Simon Bolz

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Som de mulher


Os olhos são o espelho da alma.
E se isso, verdade é,
deixe-os serem a janela,
e veja por um instante
minha alma de mulher.

Vê a borboleta
que em doces volteios
acaricia suave, seus cabelos?

São meus dedos.

Feche os olhos e sinta.
Ao som suave da brisa,
minhas carícias que
vão lhe envolvendo.

Sinta o toque na pele,
que traçando seu rosto
vai descendo mansinho
em direção ao seu peito.

São meus beijos.

Sente o roçar pela cintura,
como asas de libélula voejando?
É minha língua.
Vou adentrando.

Das vestes, já liberto,
sinta o tempo de agosto
que vai molhando seu corpo.

Estou provando seu gosto.

Segure de leve, pressionando,
minhas ancas
transformadas em rédeas,
enquanto vou cavalgando.

Fica assim...
Parado a sentir
o veludo úmido lhe envolvendo.

Você está dentro de mim.

Rápido...
Vem comigo!
Vamos chegar ao fim...

Agora abra lentamente seus olhos.
Sinta a vida transformada
em seiva que de seu corpo flui.

Não me procure.
Como a tarde dessa primavera

Eu já fui...

por Asta Vonzodas
fotografia de autor desconhecido

domingo, 22 de maio de 2011

A mulher que passa


Meu Deus, eu quero a mulher que passa.
Seu dorso frio é um campo de lírios
Tem sete cores nos seus cabelos
Sete esperanças na boca fresca!

Oh! Como és linda, mulher que passas
Que me sacias e suplicias
Dentro das noites, dentro dos dias!

Teus sentimentos são poesia
Teus sofrimentos, melancolia.
Teus pêlos são relva boa
Fresca e macia.
Teus belos braços são cisnes mansos
Longe das vozes da ventania.

Meu Deus, eu quero a mulher que passa!

Como te adoro, mulher que passas
Que vens e passas, que me sacias
Dentro das noites, dentro dos dias!
Por que me faltas, se te procuro?
Por que me odeias quando te juro
Que te perdia se me encontravas
E me encontravas se te perdias?

Por que não voltas, mulher que passas?
Por que não enches a minha vida?
Por que não voltas, mulher querida
Sempre perdida, nunca encontrada?
Por que não voltas à minha vida
Para o que sofro não ser desgraça?

Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
Eu quero-a agora, sem mais demora
A minha amada mulher que passa!

No santo nome do teu martírio
Do teu martírio que nunca cessa
Meu Deus, eu quero, quero depressa
A minha amada mulher que passa!

Que fica e passa, que pacifica
Que é tanto pura como devassa
Que bóia leve como cortiça
E tem raízes como a fumaça.

por Vinicius de Moraes
fotografia de Roslan Lobanov

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Je veux me montrer nue...


Je veux me montrer nue à tes yeux chantants.
Je veux que tu me voies criant de plaisir.
Que mes membres pliés sous un poids trop lourd
Te poussent à des actes impies.
Que les cheveux lisses de ma tête offerte
S'accrochent à tes ongles courbés de fureur.
Que tu te tiennes debout aveugle et croyant
Regardant de haut mon corps déplumé.

par Joyce Mansour
photography de Artem Yankovskiy

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Estadia em Coimbra


Durante o mês de Junho terei de me deslocar a Coimbra durante alguns dias por motivos profissionais. Se alguma das minhas leitoras de Coimbra me desejar contactar, nomeadamente para saber datas, poderá fazê-lo através do meu email, pedrom1966@gmail.com ou pelo telemóvel 925 341 075 (rede TMN).

Um beijo

Pedro M

terça-feira, 26 de abril de 2011

Romantismo


não desejo sua dor...
assistir o seu prazer
me faz descobrir...
você é meu amor
preciso te fazer...
e quero te ver
bem, alegre, satisfeito...
seu prazer me diz respeito
porque minha satisfação...
depende
da sua realização...
entende?

Meu romantismo
é o mais puro egoísmo...

Quero te ver realizado
Meu amor apaixonado
Não por você, mas por mim
Porque isso me dá prazer, só por isso... prazer,
prazer é o meu sentido! O que me guia, inspiração,
poesia, tesão, sexo... você é minha doce paixão!

por Liz Christine
fotografia de Denis Abramov

terça-feira, 19 de abril de 2011

A teu lado


Deito-me a teu lado. Sou a tua sombra
no lençol. Vou decifrar a luz dos teus olhos,
não me dás tempo. Os teus dedos tocam-me no rosto,
descem à garganta, começam a soletrar
o mapa do meu corpo: um grão sob a axila, uma pálpebra
que cintila, o rubor do mamilo
e já teus dentes se ocupam
do outro. Pressionas músculos e ossos
ao mesmo tempo que toco ao de leve
um seio, um lábio: quero deter-me no joelho
onde leio quedas na neve
e no ballet. Não me dás tempo.
Os corpos rodam, as mãos buscam outra terra,
outras águas. Os seios na virilha,
a barriga no pescoço. Estaremos a caminhar
demasiado depressa? Acaricias onde prometo
uma haste de sol. Uma casa voadora
na margem deste mundo tão previsível.
Erigimos com os nossos corpos
a mais efémera das esculturas. As tuas mãos
convidam-me a voar. Agora sou eu
quem não te dá tempo, escavando e descendo
à fenda silenciosa. Ouço-a. Um canto leve
e depois allegro e depois mais fundo.
Já não sei onde estou, quem sou
sobre as fontes e os rios e os abismos
de ti. Sentas-te, lama delicada, no meu peito
e desces e ajustas os teus ninhos
ao pequeno pássaro que pouco a pouco
se agita. Palpo e bebo e retenho a terra volátil.
a espuma, a vegetação de coxas, nádegas, mamas e águas
flutuantes. Ora subo ao chão ora me enterro
no ar, no lábio onde começa uma árvore
que se eleva até às nuvens. Não me dás tempo,
eu quero a eternidade mas tu não me dás tempo
para te contemplar. Ânfora nua
que bebo por fora e por dentro.
Dou-te a minha vida em troca da tua.

por Casimiro de Brito in 69 poemas de amor
fotografia de autor desconhecido



P.S.: que me perdoe o autor a ousadia de dar um título ao seu poema.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Chuva


chove
lá fora
me fode
agora
com amor
sem pudor
barulho que cai
a gota me atrai
molhados
chovendo
pelo prazer
apaixonados
continue a fazer

e chove
trovão
e fode
paixão
e chove
na rua
me fode
estou nua

e chove
tira a meia
e fode
me despenteia
e chove molhado
seu pé está gelado
chega de prosa
você me aquece
vai, enlouquece
vem e goza

por Liz Christine
fotografia de Damon Loble

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Trova do meu corpo


Para ti
A minha cor púrpura da vida,
deleite de te ter longínquo ou não, o teu toque

De ti
O raiar das estranhas noites onde as sílabas que os meus lábios desenham,
rubram no espelho o vácuo da tua imagem

Para ti
Os meus seios de camélias amarelas, e a trova do meu corpo nu

De ti
Rasgo de vontade que te conheço,
de segurar os meus cabelos
e arrastá-los até onde o meu rosto se possa deitar

Para ti
A génese do amor mais profeta,
na linguagem libertina do desejo
e da entrega do teu olhar vencido

De ti
Os afectos obscenos que ondeiam a minha libido
e o teu sorriso narcísico de perdão,
quando me lanças na culpa,
fazendo de mim pérfida mas sempre amante

Para ti
Não cesso o sonho de alarmos o cosmos de mãos dadas

De ti
A rendição, sem condição,
para que te sorva no ímpeto da madrugada
desvirginando o meu ventre

Para ti
O estremecer das palavras
que as nossas bocas emudecem!

por Ausenda Hilário
fotografia de Valeriy Dondick

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Sei de cor


Sei de cor
Cada traço da tua pele
Cada sabor expelido
Nos espasmos enfurecidos
Das noites ardentes de amor
Sinto
A chama que irradia em ti
Quando encostas
Teu corpo no meu
E me acaricias lentamente
Grito
Gemidos loucos de prazer
Nessa dança compulsiva
Com que me possuis
E te deitas sobre mim
Abraço teu corpo
Absorvendo do suor escorrido
Na fúria do desejo
Saciado em catadupa
Entre jorros de prazer

por Maria Escritos
fotografia de Ladymartist (Maria Andriichuk)

domingo, 30 de janeiro de 2011

Lettera amorosa


Respiro o teu corpo:
sabe a lua-de-água
ao amanhecer,
sabe a cal molhada,
sabe a luz mordida,
sabe a brisa nua,
ao sangue dos rios,
sabe a rosa louca,
ao cair da noite
sabe a pedra amarga,
sabe à minha boca.

por Eugénio de Andrade
fotografia de Vlad Gansovsky

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Oferenda


Ofereço-te a minha boca,
E o rijo seio que tenho
Oculto em brancas rendas.
Atrevido! Para ti não liberei
O restante do meu corpo...

Por que não começas
Lentamente a conquistar
Cada pedaço de mim?
Sou terra desconhecida
De montes e matas fechadas,

Curvas sinuosas e perigosas
Por onde vivem a caminhar
As feras dos meus desejos.
Afoito, já queres ir à caverna
Sem antes reconhecê-la...

Não temes as armadilhas?
Nela podes ficar retido,
Perdido, sem tino nem rumo,
Como num labirinto de aço
Atraído pelo ímã que ela possui.

Por agora deves te contentar
Com a oferenda do começo,
Pois o melhor do banquete
Vem depois que se come
O prato servido de entrada...

por Maria Hilda de Jesus Alão
fotografia de Dmitriy Besov

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O momento em que o desejo foi morto


Encontraram-se.
Olharam-se.
E quase sem proferir uma palavra, suas bocas selaram num beijo há muito desejado.
Um beijo forte, apertado, intenso...
Um beijo que parecia não ter fim, e eles desejavam que assim fosse...
Tentaram parar... impossível. Tinham que continuar. As suas bocas clamavam uma pela outra, as mãos dele buscavam o corpo dela, cheio de desejo, descobrindo todos os cantos secretos que ela tinha.
E ela... ela entregava-se com a mesma vontade, encostando o seu corpo ao dele, sugando cada minuto como se fosse o último.
Ambos tremiam, tremiam de prazer...
Era muito forte o que os unia nesse momento... momento único... momento intenso... momento sublime.
Nada mais existia para além deles ali...abraçados num longo beijo...
As suas respirações estavam aceleradas e rapidamente tinham que matar o desejo.
Encontrado o local, o tempo parou, o sol brilhou, e de novo o beijo recomeçou...
As roupas espalhadas pelo chão, a cama, dois corpos nela deitados, banhados em suor, matando o desejo...
Não falavam, apenas se beijavam. Com tal ânsia, com tal vontade, com tal desejo... parecia que o mundo iria acabar no momento seguinte... era tal a intensidade com que faziam amor... Sim! Só podia ser amor!...
E repetiram mais uma, e mais outra vez, e mais outra vez, até não terem força para continuar.
E nesse momento, o desejo foi morto...

por Carla Oliveira
fotografia de Gordon Denman

Este texto foi-me enviado pela autora.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Mãos de desejo


Mãos embriagadas de desejo
Procuram as portas do prazer
Para escancará-las à luz
Que brilha na aurora do leito,

Quando os amantes acordam
Com olhos cheios de estrelas
Fixados no céu azul.
Sobre a relva, entre eucaliptos,

As mãos parecem cântaros
Saciando a sede dos corpos,
Ávidos de água bendita
Que lhes brota nas bocas

Quando na relva se unem.
E embotando os sentidos,
Fundem-se em peça única
Com a seiva que gera vida,

Vinda de cimbalístico orgasmo
Vibrando mais que campanários,
Lançam no ar os milhões de notas
Que compõem a ária do amor

Que só as almas podem cantar
Em momento tão sublime,
Os versos nascidos instantâneos
Durante o acto de amar.

por Maria Hilda de Jesus Alão
fotografia de Tolik Dydnik

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Votos de um Bom Ano de 2011


Caras leitoras, espero que tenham tido umas mini-férias de Natal com muitos momentos bons e muitas prendinhas, principalmente daquelas que vos dão muuuuuuuuuiiiiiiito prazer :-)
Este ano prometi a mim mesmo que actualizaria este blog com mais frequência. Espero conseguir cumprir esta promessa.

Para todas vós, votos de um Ano de 2011 cheio de felicidade, atrevimento, loucuras e desejos! Que as vossas fantasias e desejos se tornem realidade! Ah!!... e muuuuuiiiito prazer :-)

Beijinhos

Pedro M

Fotografia de Garm