quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Quero


do uísque, o malte;
do despacho, a encruzilhada
não quero a boca sequer o beijo,
mas sim o estalo,
o estampido seco
quero o talo em terra parada
quero a fonte e a meada

não quero o olho ou o olhar
mas sim seu brilho,
a cintilar, e em meu revés
o ouvido que roça
não quero jazz
só quero bossa

nada de colo ou encalço,
quero o espaço,
que há em teu regaço
e do teu corpo,
que me arromba a pupila
quero o mais profundo
o mais rotundo

quero-te o cheiro
encher-te em veio
com parte minha
que é todo eu
e ali dentro estar
sempre a pulsar
em apogeu...

por André Mascarenhas
fotografia de autor desconhecido

2 comentários:

Marta Vinhais disse...

E o cheiro a insinuar-se no mais profundo do corpo...onde viverá nas memórias da pele....
Numa explosão....
Beijos e abraços
Marta

Pedro M disse...

mmm... Marta...
O cheiro que perdura lembrando o prazer dos corpos.
Saciados...
Um beijo