57 anos, profissional liberal. Vivo no Porto. Adoro mulheres sensuais, apaixonadas, vibrantes... Acompanhante masculino. Simpático, discreto, culto, meigo e carinhoso. Desloco-me a domicílios, hotéis e motéis. Disponibilidade algo limitada, por motivos profissionais. Qualquer encontro deverá ser marcado com alguma (pequena) antecedência.
quinta-feira, 28 de junho de 2018
O apanhador no campo
Fruta e mulher no mesmo pé de caqui
no qual espantando os passarinhos eu trepo
para apanhar como um garoto a fruta
e apreciar, comendo-a lá no alto, a mulher
que ficou lá embaixo me esperando subir
e agora vejo se mexendo entre as folhas,
com seus olhos de mel, seus ombros secos,
enquanto me contorciono todo subindo
entre línguas de sol, roçar de galhos,
para alcançar e arremessar para ela,
no ponto mais extremo, o caqui mais doce.
por Leonardo Fróes
fotografia de autor desconhecido
segunda-feira, 25 de junho de 2018
Do desejo VIII
Se te ausentas há paredes em mim.
Friez de ruas duras
E um desvanecimento trêmulo de avencas.
Então me amas? te pões a perguntar.
E eu repito que há paredes, friez
Há molimentos, e nem por isso há chama.
DESEJO é um Todo lustroso de carícias
Uma boca sem forma, em Caracol de Fogo.
DESEJO é uma palavra com a vivez do sangue
E outra com a ferocidade de Um só Amante.
DESEJO é Outro. Voragem que me habita.
por Hilda Hilst
fotografia de autor desconhecido
sexta-feira, 22 de junho de 2018
Do desejo VII
Lembra-te que há um querer doloroso
E de fastio a que chamam de amor.
E outro de tulipas e de espelhos
Licencioso, indigno, a que chamam desejo.
Há o caminhar um descaminho, um arrastar-se
Em direção aos ventos, aos açoites
E um único extraordinário turbilhão.
Porque me queres sempre nos espelhos
Naquele descaminhar, no pó dos impossíveis
Se só me quero viva nas tuas veias?
por Hilda Hilst
fotografia de autor desconhecido
quarta-feira, 20 de junho de 2018
Erótico puritano
As pontas dos meus seios apontam para o céu
inchados e duros
pequenos e brancos
reluzem e gritam
enquanto as estrelas queimam e umedecem
meus santos orifícios
com seus toques inesperados.
sou cega, muda, espasmódica.
pernas abertas por um mundo melhor.
por Niandra LaDez
fotografia de autor desconhecido
quarta-feira, 13 de junho de 2018
Do desejo VI
Aquele Outro não via minha muita amplidão.
Nada LHE bastava. Nem ígneas cantigas.
E agora vã, te pareço soberba, magnífica
E fodes como quem morre a última conquista
E ardes como desejei arder de santidade.
(E há luz na tua carne e tu palpitas.)
Ah, porque me vejo vasta e inflexível
Desejando um desejo vizinhante
De uma Fome irada e obsessiva?
por Hilda Hilst
fotografia de autor desconhecido
Do desejo V
Existe a noite, e existe o breu.
Noite é o velado coração de Deus
Esse que por pudor não mais procuro.
Breu é quando tu te afastas ou dizes
Que viajas, e um sol de gelo
Petrifica-me a cara e desobriga-me
De fidelidade e de conjura. O desejo
Esse da carne, a mim não me faz medo.
Assim como me veio, também não me avassala.
Sabes por quê? Lutei com Aquele.
E dele também não fui lacaia.
por Hilda Hilst
fotografia de Igor Amelkovich
quinta-feira, 7 de junho de 2018
Do desejo IV
Se eu disser que vi um pássaro
Sobre o teu sexo, deverias crer?
E se não for verdade, em nada mudará o Universo.
Se eu disser que o desejo é Eternidade
Porque o instante arde interminável
Deverias crer? E se não for verdade
Tantos o disseram que talvez possa ser.
No desejo nos vêm sofomanias, adornos
Impudência, pejo. E agora digo que há um pássaro
Voando sobre o Tejo. Por que não posso
Pontilhar de inocência e poesia
Ossos, sangue, carne, o agora
E tudo isso em nós que se fará disforme?
por Hilda Hilst
fotografia de Igor Amelkovich
terça-feira, 5 de junho de 2018
Particularmente eu prefiro quiabo cru
Há quem não goste de criança
Há quem adore ensinar
Há quem os olhos não levante
E há quem garanta só olhar
Há quem procure o ponto G
Há quem pule na hora H
Há quem não goste se doer
Mas há quem vá se viciar
Há quem abafe o prazer
Há quem se permita um palavrão
Há quem não exija que haja amor
E há quem se negue à precisão
Há quem não esqueça o vinho branco
Há quem vá de leite condensado
Há quem seja atento sempre e tanto
Mas há quem grite o nome errado
Há quem pra isso não tenha gula
Há quem engula só de ver
Há quem não perca uma parada
E há quem nem saiba o que fazer
Há quem não dispense um inferninho
Há quem já aderiu a um tal à-trois
Há quem não goste de tal gosto
Mas há quem ande louco pra gostar
Cada um tem sua tara
Não me venha dizer que não
Assuma a sua e meta a cara
Pois quem não tem, tem precisão
Alimente-a com carinho
Não deixe nada lhe faltar
Vergonha é que é proibido
Mais esquisito é não gozar
por Ricardo Kelmer
fotografia de autor desconhecido
sexta-feira, 1 de junho de 2018
Do desejo III
Colada à tua boca a minha desordem.
O meu vasto querer.
O incompossível se fazendo ordem.
Colada à tua boca, mas descomedida
Árdua
Construtor de ilusões examino-te sôfrega
Como se fosses morrer colado à minha boca.
Como se fosse nascer
E tu fosses o dia magnânimo
Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer.
por Hilda Hilst
fotografia de autor desconhecido
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