terça-feira, 28 de setembro de 2021

A espada


É no teu silêncio que escuto o mar.
É na tua imobilidade que me quebro
onda brava que a seguir se esmaga
rebelde de branco e maresia.

Vem, corpo aceso, boca de alegria
beija-me com a sede que trazes e trava em mim
a luta na pele onde, mortas
só as sombras se levantam para ser roupa
como as palavras me são grito e tempestade
solidão ou pedra de arremesso
baladas de desencanto.

Vem e enche a minha esperança
ou abate em mim a tua fúria e verte,
acre, a agonia ao soar da minha espada.

Vem e farei de ti o reino, o céu, a profundidade.

Vem e arde no meu fogo.

por Edgardo Xavier (in Insubmisso Rumor)
fotografia de autor desconhecido

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