quarta-feira, 3 de julho de 2013

Os amores, V: 1-1, 9-26



Era intenso o calor, passava do meio dia;
Estava eu em minha cama repousando.
(...) Eis que vem corina numa túnica ligeira,
Os cabelos lhe ocultando o alvo pescoço;
Assim entrava na alcova a formosa Semiramis,
Dizem, e Laís que amaram tantos homens.
Tirei-lhe a túnica, mas sem empenho de vencer:
Venceu-a, sem mágoa, a sua traição.
Ficou em pé, sem roupa, ali diante de meus olhos.
Em seu corpo não havia um só defeito.
Que ombros e que braços me foi dado ver, tocar!
Os belos seios, que doce comprimi-los!
Que ventre mais polido logo abaixo do peito!
Que primor de ancas, que juvenil a coxa!
Por que pormenorizar? Nada vi não louvável,
E lhe estreitei a nudez contra o meu corpo.
O resto, quem não sabe? Exaustos, repousamos.
Que outros meios-dias me sejam tão prósperos.


por Ovídio
in Poesia erótica em tradução, José Paulo Paes, Companhia das Letras, 1990
fotografia de Dmitry Chapalas

4 comentários:

Doce Anaiis disse...

Mais uma vez....Belo

Beijo Doce

Pedro M disse...

Minha querida Anaiis

belo o poema,
bela Semiramis, que assim se revela e entrega nos braços do seu amante.

Um beijo

Marta Vinhais disse...

A entrega total..na nudez do desejo...
Boa escolha como sempre..
Beijos e abraços

Pedro M disse...

Minha querida Marta

é a sedução dos clássicos :-)

Um beijo