terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Cântico de Dorva – VII

O ninho de Dorva.
A cama de Dorva
de palha e folha
na terra.
Deixa-se cair
sentada, deitada.
Sobre seu ventre liso, redondo
desnudo, salta o macho.
Um ofego de posse
tácito.
Sexo contra sexo.
Aquele cântico de Dorva,
Aquele chamado – piado de fêmea:
obscuro
aflitivo
genésico
instintivo
veio vindo... veio vindo...
Rugindo
chorando
gritando
apelando
do fundo do tempo
do fundo das idades.

por Cora Coralina,
fotografia de autor desconhecido

2 comentários:

Nádia Santos disse...

Simplesmente excitante combinando com essa imagem delirante....Amei! Um bj

Pedro M disse...

mmm... Nádia...

imagine-se, lavando roupa numa tina como Dorva...
cantando alto, chamando o homem, como Dorva...
o cheiro da terra, embriagando-a de desejo, como Dorva...
imagine sentir o macho que se aproxima...
sentir o seu peso, o seu calor, como Dorva, quando ambos caíem no milharal...

Um beijo