57 anos, profissional liberal. Vivo no Porto. Adoro mulheres sensuais, apaixonadas, vibrantes... Acompanhante masculino. Simpático, discreto, culto, meigo e carinhoso. Desloco-me a domicílios, hotéis e motéis. Disponibilidade algo limitada, por motivos profissionais. Qualquer encontro deverá ser marcado com alguma (pequena) antecedência.
segunda-feira, 29 de setembro de 2014
Tarde 325
mordisco as maçãs do teu rosto
o teu cabelo prateado toca(-me) os lábios de cereja
pele de pêssego
mãos que me desenham poemas nas costas
l e t r a - a - l e t r a
a palavra
inventada a cada instante
quando entras no meu segredo
mistério alagado de desejo
sorris
o meu corpo é argila
molde no teu
lama
alma em nevoeiro
pó de deserto
gelo então.
Mão descoberta
saudade liberta
viagem música ensaio.
C
a
i
o
partida
orgasmo bebida.
por Anamar in Diário de uma Amante Virgem
fotografia de autor desconhecido
segunda-feira, 15 de setembro de 2014
Ah! Esse homem
Ah! esse homem. Que me toca os seios,
Como um beija-flor toca, no jardim, as flores,
Arrepia-me despertando antigos devaneios,
De mãos no meu corpo em longos passeios.
Ah! esse homem. Que me cobre de beijos,
Que deixa marcas denteadas nos meus braços,
Expõe minha anatomia nua sem segredos,
Como se fosse um quadro de célebre pintor,
E a mira com olhos de sol coruscante,
Incendeia a tela com seu fogo sagrado,
Remexe a lava, no fundo, adormecida,
Do vulcão dos meus profundos desejos,
Fazendo explodir em mim a mulher plena,
A amante ardente de gestos delicados,
Que pouco se importa com os espinhos,
Para ser a dona dos seus carinhos.
Ah! Esse homem.
por Maria Hilda de Jesus Alão
fotografia de autor desconhecido
sexta-feira, 5 de setembro de 2014
Tarde 502
os meus olhos faíscam sonhos que as tuas mãos completam em lume a arder devagar nos meus joelhos trémulos de ânsias adiadas.
a tua língua acende raios de luz na minha pele em pétalas de orvalho. solto-ME em (crist)ais de sombra. nua que estou. e húmida em gargalhadas de frescura límpida, seios esvoaçantes nos teus lábios de veludo barbeado(s).
música à flor da pele, pelas tuas mãos tocada. és poema que nasce no meu ventre, és magia, canto e perfume. segredas-me que o sexo , não se escreve, não se fala, faz-se assim, nesta entrega de almas e troca de corpos em misturas de tons e sabores. de pele e carne tenra.
e é quando entras em mim, que me transformo em cabelos, boca, coxas, ventre e seios. e a volúpia do rio que cresce em mim salta as margens no gemido mais insistente que abraça o tempo e me faz mulher na tua boca calada pelo meu beijo escorrido em seiva.
és reflexo na madrugada tardia e das carícias suspensas, nascem metáforas com que reinventamos o amor.
por Anamar in Diário de uma Amante Virgem
fotografia de Alexander Savushkin
segunda-feira, 1 de setembro de 2014
Setembro segundo Simon Bolz e Carlos Drummond de Andrade
Era Manhã de Setembro
Era manhã de setembro
e
ela me beijava o membro
Aviões e nuvens passavam
coros negros rebramiam
ela me beijava o membro
O meu tempo de menino
o meu tempo ainda futuro
cruzados floriam junto
Ela me beijava o membro
Um passarinho cantava,
bem dentro da árvore, dentro
da terra, de mim, da morte
Morte e primavera em rama
disputavam-se a água clara
água que dobrava a sede
Ela me beijando o membro
Tudo o que eu tivera sido
quanto me fora defeso
já não formava sentido
Somente rosa crispada
o talo ardente, uma flama
aquele êxtase na grama
Ela a me beijar o membro
Dos beijos era o mais casto
na pureza despojada
que é própria das coisas dadas
Nem era preito de escrava
enrodilhada na sombra
mas presente de rainha
tornando-se coisa minha
circulando-me no sangue
e doce e lento e erradio
como beijara uma santa
no mais divino transporte
e num solene arrepio
beijava beijava o membro
Pensando nos outros homens
eu tinha pena de todos
aprisionados no mundo
Meu império se estendia
por toda a praia deserta
e a cada sentido alerta
Ela me beijava o membro
O capítulo do ser
o mistério de existir
o desencontro de amar
eram tudo ondas caladas
morrendo num cais longínquo
e uma cidade se erguia
radiante de pedrarias
e de ódios apaziguados
e o espasmo vinha na brisa
para consigo furtar-me
se antes não me desfolhava
como um cabelo se alisa
e me tornava disperso
todo em circulos concêntricos
na fumaça do universo
Beijava o membro
beijava
e se morria beijando
a renascer em setembro
poema de Carlos Drummond de Andrade
fotografia de Simon Bolz
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