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segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Ah! Esse homem


Ah! esse homem. Que me toca os seios,
Como um beija-flor toca, no jardim, as flores,
Arrepia-me despertando antigos devaneios,
De mãos no meu corpo em longos passeios.

Ah! esse homem. Que me cobre de beijos,
Que deixa marcas denteadas nos meus braços,
Expõe minha anatomia nua sem segredos,
Como se fosse um quadro de célebre pintor,

E a mira com olhos de sol coruscante,
Incendeia a tela com seu fogo sagrado,
Remexe a lava, no fundo, adormecida,
Do vulcão dos meus profundos desejos,

Fazendo explodir em mim a mulher plena,
A amante ardente de gestos delicados,
Que pouco se importa com os espinhos,
Para ser a dona dos seus carinhos.

Ah! Esse homem.


por Maria Hilda de Jesus Alão
fotografia de autor desconhecido

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Oferenda


Ofereço-te a minha boca,
E o rijo seio que tenho
Oculto em brancas rendas.
Atrevido! Para ti não liberei
O restante do meu corpo...

Por que não começas
Lentamente a conquistar
Cada pedaço de mim?
Sou terra desconhecida
De montes e matas fechadas,

Curvas sinuosas e perigosas
Por onde vivem a caminhar
As feras dos meus desejos.
Afoito, já queres ir à caverna
Sem antes reconhecê-la...

Não temes as armadilhas?
Nela podes ficar retido,
Perdido, sem tino nem rumo,
Como num labirinto de aço
Atraído pelo ímã que ela possui.

Por agora deves te contentar
Com a oferenda do começo,
Pois o melhor do banquete
Vem depois que se come
O prato servido de entrada...

por Maria Hilda de Jesus Alão
fotografia de Dmitriy Besov

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Mãos de desejo


Mãos embriagadas de desejo
Procuram as portas do prazer
Para escancará-las à luz
Que brilha na aurora do leito,

Quando os amantes acordam
Com olhos cheios de estrelas
Fixados no céu azul.
Sobre a relva, entre eucaliptos,

As mãos parecem cântaros
Saciando a sede dos corpos,
Ávidos de água bendita
Que lhes brota nas bocas

Quando na relva se unem.
E embotando os sentidos,
Fundem-se em peça única
Com a seiva que gera vida,

Vinda de cimbalístico orgasmo
Vibrando mais que campanários,
Lançam no ar os milhões de notas
Que compõem a ária do amor

Que só as almas podem cantar
Em momento tão sublime,
Os versos nascidos instantâneos
Durante o acto de amar.

por Maria Hilda de Jesus Alão
fotografia de Tolik Dydnik

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Entre pernas musculosas


Sentada em frente do mastro
Plantado entre pernas musculosas,
A mão nervosa descia e subia
Hasteando a tesuda bandeira
Do homem que gemia e gozava
Na hora em que sol se levantava
Iluminando o seu leito de trevas.
O jorro escorreu pelo mastro,
Branco qual espuma do mar
Formando na mão parada
Um lago de água cremosa
A escorrer por entre os dedos.
Mas o corpo tem seu desejo
De outro para enredá-lo.
Melhor que a mão é a caverna
Com estalactite clitoriana
Para fazer o mastro se perder
Nos labirintos do orgasmo.

por Maria Hilda de Jesus Alão
fotografia de Garm

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Quero um amor proibido


Antes de morrer queria muito viver
Um exuberante amor proibido,
Daqueles que ninguém haja tido
Para sentir nas veias correr

O sangue, tal qual a lava dum vulcão,
Queimando tudo, deixando só brasas.
Um amor que me transporte em suas asas,
Que não confesse que o seu coração

A outro amor há muito tempo pertence.
Mesmo assim, entregar-me-ia sem pensar,
Porque nada me impede de sonhar,
Como um bufão sob a lona circense,

No palco, onde seu encanto o transfigura,
Ao lembrar a mulher do seu passado
Que o fazia sentir-se feliz, amado,
Esconde a dor que no peito perdura.

Antes de morrer queria muito viver
Esse amor que causa tanta ansiedade
Que é antítese da felicidade,
Fonte do prazer e do muito sofrer.

Por Maria Hilda de Jesus Alão
fotografia de Poluyanenko Alexey

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Meus sonhos nus


Quero vencer todas as barreiras...
Ventos que sopram me desnudem
Lancem-me no profundo abismo
Que é o meu desejo infinito.

Sou fome de boca aberta
A mastigar os silêncios da noite
Despertando, aos gritos,
O meu corpo adormecido.

Tenho a alma em grande sede
Que mergulha no lago fundo
Do suor que me brota da pele
Em busca do divino prazer.

Ardo em fogo. Fecho os olhos...
As mãos são labaredas que dedilham
Harpas em catedrais de deuses,
Onde, nus, vagam os meus sonhos,

De uns braços atando-me como corda
A um corpo rijo como rocha,
E sua voz forte como a da águia
Grite, ao universo, a sua vitória,

Ao dominar sob a luminária
Que pende do tecto da alcova,
Esta loba que uiva na cova
Em explosões de muito amor...

por Maria Hilda de Jesus Alão
fotografia de SM

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Deixa-me tocar teu rosto


Deixa-me tocar o teu rosto
Como se cega eu fosse
Para encontrar o caminho
Que termina na tua boca.

Deixa-me tocar o teu peito,
Tactear o relevo dos músculos,
Subindo e descendo minha mão
Até chegar à planície

Do teu ventre ensolarado e rijo
Estrada que me leva até a fonte,
Entre os rochedos das tuas pernas
Para que eu prove a tua água viva.

Deixa-me mergulhar nas ondas
Que fazem teu corpo dançar indecente
Quando lanço a rede da língua
Para recolher teus profundos suspiros.

Enfim, perdida na tua geografia,
Que não canso de estudar
Faço fantásticas descobertas
De novos continentes eróticos,

Onde dormitam teus secretos vulcões
Que activo com o estopim dos meus beijos
Para sentir dentro de mim
A lava fervente escorrer...

Por Maria Hilda de Jesus Alão
fotografia de autor desconhecido

terça-feira, 29 de abril de 2008

Proposta


Eu te proponho:

encontros à meia luz
em quartos de desejos
com janelas de nudez,
e portas escancaradas
para receber com pompas
o amor fugido dos silêncios.

Eu te proponho:

entre mordidas e beijos
que ouças minha voz liberta
deixando no espaço o eco
dos gritos da minha carne
ansiosa por sentir
o arrepio da tua pele
quando meus dedos percorrem
o caminho das tuas coxas.

Eu te proponho:

fúria, tempestade, tremores,
no mar dos lençóis de seda
para eu ficar à deriva
nas águas do teu prazer,
procurando no céu dos teus olhos
cadentes estrelas kamassutreanas
desenhando em minha mente
as mais loucas posições.

Eu te proponho:

não deixar o fogo amainar,
avivá-lo com as muitas achas
da minha lascívia latente,
retirando as cinzas com o sopro
vindo do fundo das entranhas,
expondo todas as brasas
que são momentos de loucura
ao embriagar-me em cio
com teu doce licor carnal...

por Maria Hilda de Jesus Alão,
fotografia de David LeBeck

poema proposto por leitora anónima