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segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Um Bom Ano de 2025

A todas as minhas leitoras, os meus votos de um Ano de 2025 em que todos os vossos desejos sejam cumpridos!!

Um beijo
Pedro M.


Soneto de amor


Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma... Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.

Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.

E em duas bocas uma língua..., — unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.

Depois... — abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!

José Régio, in "Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa, Eugénio de Andrade"
fotografia de autor desconhecido

domingo, 22 de outubro de 2017

Monólogo a dois


Sábia talvez inconsciente,
Doseando com volúpia, uma ancestral sofreguidão,
Ali onde o desejo mais me dói, mais exigente,
Me acaricia a tua mão.
De olhos fechados me abandono, ouvindo
Meu coração pulsar, meu sangue discorrer,
E sob a tua mão, na asa do sonho, eis-me subindo
Àquele auge em que todo, em alma e corpo, vou morrer…


por José Régio
fotografia de autor desconhecido

Poema


Crispou-se a minha mão sobre o teu sexo,
Fecharam-se-me os olhos sem querer…
De que abismos voava até ao fundo?
E a minha mão sondava
E triturava
Aquele mundo
Tão pequenino e tão complexo:
O teu mistério de mulher.


por José Régio
fotografia de autor desconhecido

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Cântico


Num impudor de estátua ou de vencida,
coxas abertas, sem defesa... nua
ante a minha vigília, a noite, e a lua,
ela, agora, descansa, adormecida.

Dos seus mamilos roxo-azuis, em ferida,
meu olhar desce aonde o sexo estua.
Choro... e porquê? Meu sonho, irreal, flutua
sobre funduras e confins da vida.

Minhas lágrimas caem-lhe nos peitos...
enquanto o luar a numba, inerte, gasta
da ternura feroz do meu amplexo.

Cantam-me as veias poemas nunca feitos...
e eu pouso a boca, religiosa e casta,
sobre a flor esmagada do seu sexo.

Por José Régio
fotografia de Ellington