terça-feira, 15 de maio de 2018

Mademoiselle Furta-Cor (Poema 2)



Por esta fresta te espreito
Por esta fenda te desvendo

Por esta fresta
            cravo
sonda contra esponja,
e babo
            e te penetro
teso e reto, e por inteiro
o seu corpo se entreabre:
porta e perna, caixa e coxa.

Por esta fenda
            tenda
de pele que se franze,
e rasga
            eu me adentro
feito de espera e de esperma:
e espremo — te aperto — e exprimo
toda a cor da carne do amor que escrevo.

Por esta fresta me espreito
Por esta fenda me desvendo.

por Armando Freitas Filho
fotografia de Josef Breitenbach

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