quinta-feira, 17 de maio de 2018

Mademoiselle Furta-Cor (Poema 3)



Eu avanço, te abocanho,
a cama range, o corpo ruge
            vermelho!
vivo num relance as nuances
de um arco-íris de tafetá
ferido no espaço do instante
de seu veloz delírio:

e caço o seu rosto em cada cor

            em cada gama

a cada gomo que esmago e engulo
eu te provo, e bebo

            as gotas do seu gosto

e mastigo o teu sabor
calcando sob mim
o gesto escancarado
do seu sangue sem som,
mas que, entretanto, em entretons

            grita.

por Armando Freitas Filho
fotografia de autor desconhecido

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