segunda-feira, 31 de março de 2008

Horas rubras


Horas profundas, lentas e caladas
Feitas de beijos sensuais e ardentes,
De noites de volúpia, noites quentes
Onde há risos de virgens desmaiadas…

Ouço as olaias rindo desgrenhadas…
Tombam astros em fogo, astros dementes.
E do luar os beijos languescentes
São pedaços de prata p'las estradas…

Os meus lábios são brancos como lagos…
Os meus braços são leves como afagos,
Vestiu-os o luar de sedas puras…

Sou chama e neve branca misteriosa…
E sou talvez, na noite voluptuosa,
Ó meu Poeta, o beijo que procuras!

de Florbela Espanca
fotografia de Alexander Verne

4 comentários:

Bichinho disse...

Beijo fantasma...

Pedro M disse...

mmm... espero que esse beijo não fosse uma mentira de 1º de Abril :-)

Beijo

ContorNUS disse...

Gostei especialmente deste post...pela escrita única de Florbela Espanca e pela imagem lindíssima que a acompanha.

Obrigada pela visita, volta sempre e quanto à vontade de visitares a exposição tb serás bem vindo ;)

M@ri@ disse...

Lindo este poema de Florbela!
No misterio das palavras ela faz transparecer toda sensualidade...
Deixo te um beijo doce
M@ri@