quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Nossos corpos


Nossos corpos
se cruzam e descruzam
como serpentes
cálidas
se enroscam
e se apertam
atarracham
num crescendo
sem limite.

Há gemidos delirantes
há percussões arrítmicas
respirações ofegantes
empastadas em suor
até ao êxtase
e ao torpor.

Não há discurso
erótico
que resista
à mudez
desta nudez
tumultuosamente
sinfônica

por Gilka Machado
fotografia de Will Santillo

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Passional


Seu olhar me desconcerta
Penetrante Inquietante
O prazer que em mim desperta
Inquietante Deslumbrante
Ter você sob as cobertas
Deslumbrante Fascinante

O fascínio do teu corpo
Me perco em suas curvas
Em cada esquina deste corpo

Você é minha perdição
Ao mesmo tempo é a razão
Da escrita com paixão

Observo contemplando
Esperando
Sua ação
Faça comigo o que desejar
Sei que vou gostar

Não quer escrever?
Não. Quero apenas você
Linda envolvente
Eterna adolescente
De beleza incandescente

Sua sensualidade latejando
Seus olhos convidam
Todo meu corpo desejando
Você me acariciando

Acabo por escrever
sobre a intensidade
De te querer

Inteligência provocante
A libido reclama
sufocante
Presença fascinante
Em minha cama
Ou banheiro, cozinha, chão
Só importa nossa paixão

por Liz Christine
fotografia de Ruslan Lobanov

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Poema ao desejo



Empurra a tua espada
no meu ventre
enterra-a devagar até ao cimo

Que eu sinta de ti
a queimadura
e a tua mordedura nos meus rins

Deixa depois que a tua boca
desça
e me contorne as pernas de doçura

Ó meu amor a tua língua
prende
aquilo que desprende da loucura

por Maria Teresa Horta
fotografia de autor desconhecido

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Erótica

A todas as minhas leitoras com os meus votos de um Feliz Ano Novo de 2013




A noite descia
como um cortinado
sobre a erva fria
do campo orvalhado.

e eu (fauno em vertigem)
a rondar em torno
do teu corpo virgem,
sonolento e morno,

pensava no lasso
tombar do desejo;
em breve, o cansaço
do último beijo...

E no modo como
sentir menos fácil
o maduro pomo
do teu corpo grácil:

ou sem lhe tocar
— de tanto o querer! —
ficar a olhar,
até o esquecer,

ou como por entre
reflexos do lago,
roçar-lhe no ventre
luarento afago;

perpassando os meus
nos teus lábios húmidos,
meu peito nos teus
brancos
seios
túmidos...


por Carlos Queirós
fotografia de autor desconhecido