Tenho saudades de uma dama
como jamais houve na cama
outra igual, e mais terna amante.
Não era sequer provocante.
Provocada, como reagia!
São palavras só: quente, fria.
No banheiro nos enroscávamos.
Eram flamas no preto favo,
um guaiar, um matar-morrer.
Tenho saudades de uma dama
que me passeava na medula
e atomizava os pés da cama.
por Carlos Drummond de Andrade
fotografia de autor desconhecido
57 anos, profissional liberal. Vivo no Porto. Adoro mulheres sensuais, apaixonadas, vibrantes... Acompanhante masculino. Simpático, discreto, culto, meigo e carinhoso. Desloco-me a domicílios, hotéis e motéis. Disponibilidade algo limitada, por motivos profissionais. Qualquer encontro deverá ser marcado com alguma (pequena) antecedência.
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terça-feira, 9 de abril de 2024
sexta-feira, 9 de setembro de 2022
Inocente pecado
Esta noche, en que hay mas dudas de amor,
por tu grito mudo, absorto, y destrozado.
En que el herrumbre de ébano y madera
el no corresponder a mi amor ha confirmado.
Ésta noche en que mi talla se cincela
con masilla corroída en mis huesos destemplados.
Esta noche, es la noche, en que debo liberar a los esclavos,
que sean cimarrones en los montes de nativos,
perdidos entre brisas del eclipse libertario.
Tu silencio ha sido témpano, páramo de tu sexo,
que a mi alma va impidiendo sus orgasmos,
Lujuria muerta en los lirismos de unos versos
que había dejado reposando entre tus vados.
Censura de mis tiempos de anarquista.
Rebelado guerrillero de los sueños programados,
tu extremada quietud de campana enmudecida,
a mi templo ya vacío, sin dios ha consagrado,
el rezo que calla el rosario de tus huellas,
y las velas que iluminan mi inquietud de enamorado.
Íntima cumbre, de palabras de cordel y ligadura,
mística perla que pasaste rodando como un rastro,
a la pena de un poeta le tiraste una moneda,
y su ruido fue explosión en el fondo de su vaso.
Ninfa de aleluya débil, crisma vital de mi sagrario,
la luna se fue despotricando en mis oscuros iris,
en la tardé que perdí... la inocencia del pecado.
por Walter Faila
fotografia de Ruslan Lobanov
quarta-feira, 16 de junho de 2021
Quítate las bragas...
― quítate las bragas
― aquí?
― y abre un poco las piernas
― estás loco? ¡¡nos verán!!
― solo te veo yo
― ya estoy húmeda
texto de autor desconhecido
fotografia de Ruslan Lobanov
― aquí?
― y abre un poco las piernas
― estás loco? ¡¡nos verán!!
― solo te veo yo
― ya estoy húmeda
texto de autor desconhecido
fotografia de Ruslan Lobanov
domingo, 29 de setembro de 2019
Tabu

Quisera eu ser fogosa,
desvairada de amor,
gueixa de noites e dias de prazer,
gritando em suspiros, toda a minha loucura.
Deixar-me possuir por corpos que me quisessem,
e abandonar-me sem pudor, na luxúria das paixões.
Mas não!
Recuso passar para lá da barricada,
sou sentinela de mim mesma,
anjo assexuado em corpo de mulher pagã.
Carrego um fardo de pecados originais,
e mortais também.
Deus e o Diabo me fizeram assim.
Tenho o condão de me sentir virgem,
e assim permanecer,
até que a minha alma
gire um dia,
nalgum girassol
perdido no campo.
por Helena Figueiredo
fotografia de Ruslan Lobanov
quinta-feira, 24 de maio de 2018
Do desejo I

Porque há desejo em mim, é tudo cintilância.
Antes, o cotidiano era um pensar alturas
Buscando Aquele Outro decantado
Surdo à minha humana ladradura.
Visgo e suor, pois nunca se faziam.
Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo
Tomas-me o corpo. E que descanso me dás
Depois das lidas. Sonhei penhascos
Quando havia o jardim aqui ao lado.
Pensei subidas onde não havia rastros.
Extasiada, fodo contigo
Ao invés de ganir diante do Nada.
por Hilda Hilst
fotografia de Ruslan Lobanov
quinta-feira, 10 de maio de 2018
Dans mes rêves

J'aimerais bien voir votre...
Madame,
S’il vous plaît,
Je suis quasiment convain...
Madame, qu’il me plaît.
Et si vous êtes à demi-nue
Pourquoi pas
J’aimerais
Avoir un petit aperçu
De vos seins et après...
Glisser ma main sous les tissus
Les dessous
Les effets
Et me réjouir bien entendu
De l’effet qu’elle vous fait.
Puis après cette douce entrevue,
Madame
J'aimerais
Goûter à ce fruit défendu
D'où je viens où je vais.
par Jipébé
photographie de Ruslan Lobanov
segunda-feira, 18 de setembro de 2017
Oh minha senhora ó minha senhora

Oh minha senhora ó minha senhora oh não se incomode senhora
minha não faça isso eu lhe peço eu lhe suplico por Deus nosso
redentor minha senhora não dê importância a um simples mortal
vagabundo como eu que nem mereço a glória de quanto mais
de... não não não minha senhora não me desabotoe a braguilha
não precisa também de despir o que é isso é verdadeiramente fora
de normas e eu não estou absolutamente preparado para semelhante
emoção ou comoção sei lá minha senhora nem sei mais o
que digo eu disse alguma coisa? sinto-me sem palavras sem fôlegos
sem saliva para molhar a língua e ensaiar um discurso coerente
na linha do desejo sinto-me desamparado do Divino Espírito
Santo minha senhora eu eu eu ó minha senh... esses seios são
seus ou é uma aparição e esses pêlos essas nád... tanta nudez me
deixa naufragado me mata me pulveriza louvado bendito seja
Deus é o fim do mundo desabando no meu fim eu eu...
por Carlos Drummond de Andrade
fotografia de autor Ruslan Lobanov
domingo, 13 de agosto de 2017
¡Hermana!

¡Hermana! Deshojábamos nuestros cuerpos ardientes
en una profusión sin fin y sin sentido…
era otoño y el sol —¿te acuerdas?— endulzaba
tristemente la estancia de un fulgor blanquecino…
Luego —los ojos grandes como carbones rojos—
te arreglabas la toca, el velo… y sin ruido
te ibas, como una sombra, a la capilla aquella
perdida entre opulentos rosales amarillos…
Venían días tristes en que te recogías…
mi amor se hacía más inmenso y más sombrío
y cuando tú surgías, más pálida que el agua,
encontrabas mi pecho como un pájaro el nido…
Tú creías que Dios te miraba… En las tardes
de huracán y tormenta temblorosa de frío
ibas, los ojos bajos, pegada a las paredes,
con el corazón asustado como un niño.
por Juan Ramón Jiménez
fotografia de Ruslan Lobanov
quinta-feira, 6 de outubro de 2016
Teu corpo solto
Abandonado ao êxtase de estar
Tuas curvas
Tortuosas
Delirantes
São varridas pelo tecido
Que te envolve a pele
Que desliza em cantiga
Acalanto
Tua carne desnuda
Túrgida
Alva
Trêmula
Palpitar de fruta fresca
Teus olhos; iluminam o quarto
Tua boca tece o silêncio
Teus ouvidos segredam notas
Teus seios macios
Salientes
Calientes
Doces
Que minhas mãos envolvem
A descobrirem
Os róseos medalhões
Que tocam o céu
O céu de minha boca
Faminta
Sedenta
Tuas pernas
Colunas
Arco de flores
Roliças
Se abrem
Feito portais de mistérios
Intemporais
Leutos
Descerram
Imbecilizado vislumbro
Tua corbelha de flores
Flor de lótus
Pérola oculta
Tua Rosa que desabrocha
Tua flor que aflora
Beijo teus vermelhos lábios
Longamente
Vasculho essa mística boca
Entre doces pétalas
Dela
Extraio o néctar
Polinizo assim minha garganta
Mas o desejo
De cobri-la
De conquistá-la
Feito guerreiro
Só e derradeiro...
Numa fusão de corpos
de suor
de carne
de calor
Meu velo de couro
Devagar
Invade tua rubra taça
Tange
dilacera
deflora tua flor que aflora
Possui tuas entranhas
latente pulsa
Impulsa
Entre sussurros desconexos
E imagens a fins
Derramo o leite dos Deuses
E transbordo
Teu cálice de Amor.
por Lui Bucallon
fotografia de Ruslan Lobanov
sexta-feira, 18 de março de 2016
Baptismo
Para atrasar a morte vamos abrir a noite
com música de jazz
Percorrê-la depois
num barco de borracha
Celebrar o segredo...
Enforcar a memória
Descobrir de repente
uma ilha que nasce dentro do teu vestido
Chamar-lhe Madrugada
Adormecer contigo
por David Mourão-Ferreira
fotografia de Ruslan Lobanov
(sugestão de uma leitora anónima)
sexta-feira, 11 de janeiro de 2013
Passional
Seu olhar me desconcerta
Penetrante Inquietante
O prazer que em mim desperta
Inquietante Deslumbrante
Ter você sob as cobertas
Deslumbrante Fascinante
O fascínio do teu corpo
Me perco em suas curvas
Em cada esquina deste corpo
Você é minha perdição
Ao mesmo tempo é a razão
Da escrita com paixão
Observo contemplando
Esperando
Sua ação
Faça comigo o que desejar
Sei que vou gostar
Não quer escrever?
Não. Quero apenas você
Linda envolvente
Eterna adolescente
De beleza incandescente
Sua sensualidade latejando
Seus olhos convidam
Todo meu corpo desejando
Você me acariciando
Acabo por escrever
sobre a intensidade
De te querer
Inteligência provocante
A libido reclama
sufocante
Presença fascinante
Em minha cama
Ou banheiro, cozinha, chão
Só importa nossa paixão
por Liz Christine
fotografia de Ruslan Lobanov
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
As mulheres da minha cidade
Às mulheres da minha cidade
basta um raio de sol para florirem.
Mesmo no Outono, como agora,
aparecem habitando de asas
as ruas por onde vão voando.
Como brilha o seu corpo!
A face, anúncio de alvorada,
é a luz de si mesmas e a minha;
os passos, o chão que pisam;
o cabelo, a aragem e logo o vento
que me leva também voando.
Ah! a lânguida colina do ventre
que baila baila caminhando baila
devagar a dança suave, as ondas do mar!
Olhos que são líquidos lagos por vogar,
rútila romã, a boca a todos dada
e a ninguém, que é só delas,
das mulheres da minha cidade
que salpicam de cores de pétala
as pupilas do desejo que prevalece.
Com as mulheres da minha cidade
a vida, sendo hoje, é sempre amanhã:
amadurecem nos seios o dom do tempo.
Que perpétuo o seu caminhar!
De tão longe lhe vem o ritmo e para
tão longe vai, cálido baloiço das ancas,
berço onde a respiração se detém,
esperando a noite de perfume a pasto
que não sei, ninguém sabe de quem será.
Sei que arderão algures
na Via Láctea. Mas sei também
que a sua boca me ateará o sangue,
que os dentes tão brancos me prenderão,
que as coxas se abrirão para que me contenham,
que pernas e pés me firmarão para que elas me possuam,
que unhas hão-de rasgar-me a pele para que de mim se levantem,
ah! que gemidos e gritos e choros te clamarão, ó noite, para que o sol expluda!
E em mim sejam, que eu o sou em tudo,
que tudo sinto, que tudo tenho, plenas de mundo,
certeza de vida - as mulheres da minha cidade!
por Manuel Rodrigues
fotografia de Ruslan Lobanov
domingo, 27 de novembro de 2011
Gozo VII

São as tuas nádegas
na curva dos meus dedos
as tuas pernas
atentas e curvadas
O cravo — o crivo
sabor da madrugada
no manso odor do mar das tuas
espáduas
E se soergo com as mãos
as tuas coxas
e acerto o corpo no calor
das vagas
logo me vergas
e és tu então
que tens os dedos
agora
em minha nádegas
por Maria Teresa Horta
fotografia de Ruslan Lobanov
domingo, 22 de maio de 2011
A mulher que passa

Meu Deus, eu quero a mulher que passa.
Seu dorso frio é um campo de lírios
Tem sete cores nos seus cabelos
Sete esperanças na boca fresca!
Oh! Como és linda, mulher que passas
Que me sacias e suplicias
Dentro das noites, dentro dos dias!
Teus sentimentos são poesia
Teus sofrimentos, melancolia.
Teus pêlos são relva boa
Fresca e macia.
Teus belos braços são cisnes mansos
Longe das vozes da ventania.
Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
Como te adoro, mulher que passas
Que vens e passas, que me sacias
Dentro das noites, dentro dos dias!
Por que me faltas, se te procuro?
Por que me odeias quando te juro
Que te perdia se me encontravas
E me encontravas se te perdias?
Por que não voltas, mulher que passas?
Por que não enches a minha vida?
Por que não voltas, mulher querida
Sempre perdida, nunca encontrada?
Por que não voltas à minha vida
Para o que sofro não ser desgraça?
Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
Eu quero-a agora, sem mais demora
A minha amada mulher que passa!
No santo nome do teu martírio
Do teu martírio que nunca cessa
Meu Deus, eu quero, quero depressa
A minha amada mulher que passa!
Que fica e passa, que pacifica
Que é tanto pura como devassa
Que bóia leve como cortiça
E tem raízes como a fumaça.
por Vinicius de Moraes
fotografia de Roslan Lobanov
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Mocinhas gráceis

Mocinhas gráceis, fungíveis
Mimosas de carne aérea
Que pela erecção dos centauros
Trepais como doida hera!
Por ardentes urdiduras
De Afrodite que abonais
Passais como queimaduras
E tudo em fogo deixais.
Ofegar de onda retida
Na ocupação epidérmica
De serdes a exactidão
Florida da primavera,
Todas de luz invadidas,
Soi, porém, as irreiais
Bonecas de sol sumidas
No fulgor com que alumbrais.
Lá no fundo dos desejos
Chegais macias e quentes
Com violas nos cabelos,
Nas ancas, quartos crescentes;
Nas pernas, esguios confeitos,
Na frescura o vermelhão
De uma alvorada que rompe
Em seios de requeijão.
Enleais, mas de enleadas,
Ó volúveis, ó felinas!
Saltais fazendo tinir
Risadas de turmalinas;
E com as asas do segredo
Que vos faz misteriosas
- Pois sendo divinas, sois
Do breve povo das rosas -,
Adejais de beijo em beijo
Já que para gerar assombros
Vicejam as folhas verdes
Que vos farfalham nos ombros.
Ó doçaria que em línguas
Acres sois torrões de mel,
Quando idoneamente ninfas
Vos vestis da vossa pele!
Se a olhares venéreos furtar-vos
Em roupas não vale a pena,
Pois mesmo vestidas estais
Nuinhas de graça plena,
De esbelta nudez plantai
Róseos calcanhares nos dias
Fugazes, não vá Vulcano
Levar-vos para sombras frias;
Não sequem os anos corpinhos
De aragem que os deuses sopram,
Que os anos são os malignos
Sinos que pela morte dobram.
Mocinhas fúteis que sois
Da vida as espumas altas
Leves de não vos pesar
O peso de terdes almas;
Que essa força de encantar,
Ó belas! cria, não pensa.
Ser perdidamente corpo
É a vossa transparência.
por Natália Correia
fotografia de Ruslan Lobanov
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