terça-feira, 16 de dezembro de 2008

in Música de Cama


Entre as nádegas
o pávido sulco
tem aromas de áfricas
e de uvas de outubro

Dirias que fora
um silvo de morte
a penetrar toda
a nocturna flora

até hoje intacta
que ainda aí tinhas
Respira Não fales
Murmura Não grites

Que travo de amoras
Que túnel escuro
Que paz no que sofres
por mais uns minutos

O pescoço vergas
submissa e frágil
tal qual o de uma égua
que vai beber água

mas encontra a lua
E junto da cama
a rosa viúva
com lágrimas brancas

já pede a meus dedos
sacudido apoio
para a viuvez
em que a deixo hoje

Muito mais a norte
os queixumes calas
E nem gemes Gozas
enquanto te invade

o suco da vara
vertido no sulco
Vê como foi fácil
Respira mais fundo

por David Mourão-Ferreira
fotografia de autor desconhecido

4 comentários:

Anónimo disse...

As boas escolhas sempre patentes!
A associação texto-imagem sempre em sintonia...
Tinha saudades... vim acalmá-las.


Mil beijos. Meus.

Pedro M disse...

mmm Attitude

Saudades minhas, desejos meus...

Um beijo

Fevera disse...

Olá Pedrocas!

Adoro este tipo de música...
estamos em sintonia.

Um beijo

Pedro M disse...

mmm Fevera...

Uma música murmurada, sussurrada, gemida, entre os dois.

Um beijo