57 anos, profissional liberal. Vivo no Porto. Adoro mulheres sensuais, apaixonadas, vibrantes... Acompanhante masculino. Simpático, discreto, culto, meigo e carinhoso. Desloco-me a domicílios, hotéis e motéis. Disponibilidade algo limitada, por motivos profissionais. Qualquer encontro deverá ser marcado com alguma (pequena) antecedência.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Poemas para a amiga (Fragmento 3)
É tão natural
que eu te possua
é tão natural que tu me tenhas,
que eu não me compreendo
um tempo houvesse
em que eu não te possuísse
ou possa haver um outro
em que eu não te tomaria.
Venhas como venhas,
é tão natural que a vida
em nossos corpos se conflua,
que eu já não me consinto
que de mim tu te abstenhas
ou que meu corpo te recuse
venhas quando venhas.
E de ser tão natural
que eu me extasie
ao contemplar-te,
e de ser tão natural
que eu te possua,
em mim já não há como extasiar-me
tanto a minha forma
se integrou na forma tua.
por Affonso Romano de Sant’Anna
fotografia de Aleksandr Zhernosek
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
A uma virgem
Ah! tu nem sabias que a tua púbis
tinha a exacta medida da concha
de minha mão, nem suspeitavas
quanto de teu seio transbordaria
da outra que por trás te enlaçava.
Só mal medias o espanto
de sentires-me o hálito arfar
em teus cabelos e em ti toda
com que te perdeste, já rendida
na surpresa de saberes-me
contra a firmeza da tua carne,
no trémulo susto da tua pele
que há tanto tal dia esperava.
Sussurraste ainda a medo
não quero, sou tão nova! Mas tudo
te era já maduro e quente
em tua boca de sede e línguas,
aberta como já essoutros lábios.
Nem choraste como choram
vãs as que perdidas se acham.
Nem uma lágrima te caiu. Era
apenas o suor puro e o sangue
e teus loucos olhos líquidos
que naquela hora e nos lençóis
ofereceras à vida misturados,
não por mim bem o sabias,
mas por outro que em tua casa,
daí a meses, daí a anos, todas
as noites se deitaria a teu lado,
cumprindo o destino de ter filhos.
Talvez por isso tenhas dito,
sem sorriso triste, sequer com gesto de
fingido amor, mas de olhos seguros,
certa quanto eu que nem haveria adeus:
Deixa, não foi nada, não tem mal.
por Manuel Rodrigues
fotografia de Aleksandr Zhernosek
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Sinto em meu corpo
Sinto em meu corpo
sua língua.
Que me arde
Como se fosse
um chicote
de
fogo.
E mesmo que
eu não queira
me induz
a jogar
o seu
jogo.
Me entorpece
os sentidos,
abafa-me
os gemidos
até provocar
o meu
gozo.
Que poder
é esse?
Que sedução
devassa,
é essa
que sinto
sempre
que você
me abraça?
Só de lhe ver
me arrepia
a pele, em
choques
térmicos.
E me rendo
pacífica
aos seus
desejos
hipotéticos.
Me excita e
me choca
a sua ousadia.
Mas sempre
mais e mais,
como num
crescendo,
embarco
na sua
fantasia.
E quando
entregue
aos nossos
devaneios
sentindo
em meu
corpo
os seus
meneios,
nada mais
importa.
Abrimos do desejo
as portas,
simplesmente
porque
você é
meu homem
e eu...
sou sua
mulher...
por Asta Vonzodas
fotografia de autor desconhecido
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Suspiro gotas
Suspiro gotas
Entre sedas e cetim
Num bailado de cadencias distantes
Dos desejos incontidos
Suspiro gotas
Entre o roçar da pele
Sob o incenso vaporoso
Da sedução do amor
Suspiro gotas
Na dança de corpos desnudados
Entre a chama sibilante
Do aroma que paira no ar
Arrepios saem
Num ápice entre gemidos
Da inconsistência bruta
Dessa ânsia que assenta em mim
Suspiro gotas
Gemidos saem
Estremecimentos expelidos
Numa dança sem fim
por Maria Escritos
fotografia de Marina Beylina
sábado, 16 de janeiro de 2010
Ritual
Eras um ritual do louco cru,
na crueldade de apenas ser
nem eras, e eras tão, tão tu,
que nós lambíamos a morder
poentes, um corpo a corpo a nu;
Gritei, já nem sei escrever,
mata-me que já nem sei morrer:
quando entras, nada quer sair
quando sais, tudo quer dormir;
só sou parto quando a doer,
trespassa-me, sê fálico,
tudo em mim quer-te sofrer,
quero o profanar trágico,
a testa no meu baixo-ventre,
esse gozo dorido do prazer,
entre-pernas que o centre,
e o âmago que o consente
o dê à página que o lamente,
o dê à pena que o invente...
por Joana Well
fotografia de Sergey Prokhorov
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Espera (3)
(sôfregos, lindos, dançando
lentos, girando,
bocas, línguas, mãos, suores,
girando
o corpo dela em movimentos
sensuais de amores
ele dentro dela, delírios,
para sempre dentro dela
a alma o corpo, o amor o olhar
lindo que ela inventou
paixão, ternura, naqueles olhos tudo
o corpo dele sobre o dela
o seu beijo
a língua
a pele
as mãos)
imagens que ela inventa
antes de adormecer.
por Nalú Nogueira
fotografia de Katarzyna Rzeszowska
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