
Respiro o teu corpo:
sabe a lua-de-água
ao amanhecer,
sabe a cal molhada,
sabe a luz mordida,
sabe a brisa nua,
ao sangue dos rios,
sabe a rosa louca,
ao cair da noite
sabe a pedra amarga,
sabe à minha boca.
por Eugénio de Andrade
fotografia de Vlad Gansovsky
4 comentários:
Saboreio em pensamento :-)
Fique bem!!!
Minha querida anónima,
adormeço recordando o seu sabor derretendo em minha boca :-)
Um beijo
Pedro
Tinham o rosto aberto a quem passava.
Tinham lendas e mitos
e frio no coração.
Tinham jardins onde a lua passeava
de mãos dadas com a água
e um anjo de pedra por irmão.
Tinham como toda a gente
o milagre de cada dia
escorrendo pelos telhados;
e olhos de oiro
onde ardiam
os sonhos mais tresmalhados.
Tinham fome e sede como os bichos,
e silêncio
à roda dos seus passos.
Mas a cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços.
Eugénio de Andrade
Beijo deslumbrado,
Minha querida Stargazer
Adorei o poema que escolheste no dia em que o li, trouxeste à minha memória uma paixão que vivi.
Demorei três meses a responder ao teu comentário, hoje pergunto-me se foi por andar muito ocupado, se foi pelas memórias que revivi...
Um beijo deslumbrado
Pedro
Enviar um comentário