quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Oferenda


Ofereço-te a minha boca,
E o rijo seio que tenho
Oculto em brancas rendas.
Atrevido! Para ti não liberei
O restante do meu corpo...

Por que não começas
Lentamente a conquistar
Cada pedaço de mim?
Sou terra desconhecida
De montes e matas fechadas,

Curvas sinuosas e perigosas
Por onde vivem a caminhar
As feras dos meus desejos.
Afoito, já queres ir à caverna
Sem antes reconhecê-la...

Não temes as armadilhas?
Nela podes ficar retido,
Perdido, sem tino nem rumo,
Como num labirinto de aço
Atraído pelo ímã que ela possui.

Por agora deves te contentar
Com a oferenda do começo,
Pois o melhor do banquete
Vem depois que se come
O prato servido de entrada...

por Maria Hilda de Jesus Alão
fotografia de Dmitriy Besov

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