57 anos, profissional liberal. Vivo no Porto. Adoro mulheres sensuais, apaixonadas, vibrantes... Acompanhante masculino. Simpático, discreto, culto, meigo e carinhoso. Desloco-me a domicílios, hotéis e motéis. Disponibilidade algo limitada, por motivos profissionais. Qualquer encontro deverá ser marcado com alguma (pequena) antecedência.
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Hotel do tempo
Tua nudez branca
exposta ao filtro de luz
da cortina de gaze.
Quarto clássico de mulher,
ambiência mítica
de mãe e sombras
ritmo de relógio na sala de jantar.
Cama larga das cambraias
alvices que se misturam
com teu corpo de mulher.
Bordados e anagramas,
pequenos quadros e bibelots,
móveis de madeira negra,
paredes de tom terroso,
piso persa e poeiras centenárias
dos tempos
nos interstícios
das tábuas corridas.
Repousas nua,
sobre o colchão dos tempos.
Repousas sobre os panos
tua beleza antiga,
tua alvura epidérmica.
Ressonas sonho
de gozo adormecido.
Contrastam...
Teus pentelhos escuros,
ralos e obscenos,
e os cabelos finos
ao ritmo da brisa,
mansa,
que adentra pela fresta
da veneziana
entreaberta.
Tuas pernas alvas
em relaxamento cósmico,
uma dobrada em ângulo
agudo para o tecto alto.
Teus olhos,
ora entreabertos,
fitando terrosos, enigmáticos
em suas transparências.
Como se assistissem,
de longe, a mística cena,
do amante recostado,
numa bergère,
olhos ao vento,
a refolhar gravuras antigas
numa edição ocre, perdida,
achada nas estantes do acaso.
Tua nudez branca
espalhada na cambraia do tempo.
Perna em ângulo,
pendular em seu ir e vir.
Olhar perdido ao acaso
de encontrar o amante
ora entretido, distante,
num estelar comprimento,
que de repente pode ser nada.
Tua pele branca
tua perna que balança.
Tua boceta molhada,
ainda, do último gozo.
O relaxamento despudorado
da cumplicidade.
O olhar de pálpebras ao meio
a percorrer o quarto.
Cheiro acre de sexo,
da mistura de todos humores:
porra, gozo, água, suor, saliva,
lágrimas e sangue.
Miscigenam-se homem-mulher
na atmosfera amarela
do fim de tarde.
Brisa marinha
traz o sol do crepúsculo
na janela litorânea.
Olhos e sabores
recheiam as sensações
vívidas da tarde.
Os últimos raios ocidentais
reflectidos nas águas da enseada.
A maresia dos cheiros
afasta as cortinas
do último ocaso meridional.
O amante percebe
no sabor do amontillado,
sorvido do cristal,
a necessidade cósmica
da amante receptiva.
A tua pele branca,
despida na noite.
O silêncio tomado
mas pleno de sentido.
A taça repousada,
o vinho dos desejos,
O abat-jour imprimindo
novas sombras
nas paredes da alcova.
Tua pele branca
em imperceptível fremir,
pulsa sobre os panos brancos.
A língua que escolhe um fio
e segue o caminho da noite
no hotel do tempo.
por CAlex Fagundes
fotografia de Lyalka
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8 comentários:
A noite para se amar, brincando com a luz desse desejo que se espalha pela alcova...
Nunca a brancura da pele se poderá confundir com os lençois, neles se entranhará o cheiro do amor saciado...
Surpreendente, Pedro
Beijos e abraços
Marta
que delicioso, que hora demorada e suave, que descer de noite tão delicioso!
janelas abertas para o (a)mar...
envolvência, sensualidade, sexualidade latente,
peças de um puzzle humano,
corpos, odores, deguste dos sentidos, néctares (sagrados?)
cumplicidade inebriante, paixão, tesão, arrebatamento
- viagem pelos sentidos
ou a perfeição de momentos únicos, intensos e irrepetíveis!
É ao entardecer que os corpos se unem. É no olhar sobre o universo, sua cor de fogo ardente, em que Sol se deita sobre o mar, que a sede da paixão desperta ....
Um beijo
Ana
mmm Marta...
e a pele terá sempre o sabor a sal que nos tenta e seduz.
Um beijo
mmm Cassamia
um descer de noite que se prolonga, na frescura do entardecer... no calor dos corpos...
Um beijo
mmm Gabrielle...
ainda bem que são imperfeitos...
irrepetíveis...
não monótonos...
para que a busca da perfeição se repita todas as noites :-)
Um beijo
mmm Ana...
e como o desejo de a saciar é tão grande...
Um beijo
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