terça-feira, 20 de setembro de 2011

Gozo III


Põe meu amor
teu preceito

teu pénis
meu pão tão cedo
de vestir e de enfeitar
espasmos tomados por dentro

e guarnecer o deitar
daquilo que vou gemendo

Meu amor
por me habitares
com jeito de teu
invento

ou com raiva
de gritares
quando te monto e me fendo

por Maria Teresa Horta
fotografia de Garm

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Prazer


Sabes como tornar o meu corpo dócil…

Ajoelho-me…
Para te saborear,
sentir o teu desejo na minha boca…

Completas-me….
Com a tua mão na nuca,
excitada e excitante…
Com o teu grito,
quando me ergues…
Quando as minhas pernas enlaçam
a tua cintura…
E a minha boca te exige uma resposta…

Línguas enroscam-se…

Braços apertam-se…

Desenha-se,
em cada um de nós,
as curvas dos corpos suados…

Caímos na cama
e abandonamo-nos
ao silêncio do prazer…

escrito e dedicado por uma amiga
fotografia de Pavel Kiselev

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Meu corpo teu ninho


A simples lembrança dos teus dedos na minha nuca me arrepiam
Teu cheiro me habita a alma e meu peito, arfante, te recebe.
Me abraça, vem dormir comigo
Me ajuda a apagar do peito aquela dor do querer.
A noite se instala em mim.
Lá fora, apenas o silêncio da noite do teu olhar.

Vem.
Ocupa com teu corpo esse abrigo que te chama.
Volta a ser minha morada, teu abrigo
Faz de mim tua caverna, teu porto seguro.
Faz do meu corpo teu ninho.

Atordoada pelas saudades crescentes,
meu corpo todo se ouriça à tua procura.

por Léa Waider
fotografia de Ji

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Gozo II


Desvia o mar a rota
do calor
e cede a areia ao peso
desta rocha

Que ao corpo grosso
do sol
do meu corpo
abro-lhe baixo a fenda de uma porta

e logo o ventre se curva
e adormece

e logo as mãos se fecham
e encaminham

e logo a boca rasga
e entontece

nos meus flancos
a faca e a frescura
daquilo que se abre e desfalece
enquanto tece o espasmo o seu disfarce

e uso do gozo
a sua melhor parte

por Maria Teresa Horta
fotografia de Garm

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Gozo I


Linho dos ombros
ao tacto
já tecido

Túnica branda
cingida sobre as
espáduas

Os rins despidos
no fato já subido
as tuas mãos abrindo a madrugada

Linho dos seios
na roca dos sentidos
a seda lenta sedenta na garganta

a lã da boca
cardada
no gemido

e nos joelhos a sede
que os abranda

Linho das ancas
bordado
de torpor

a boca espessa
o fuso da garganta

por Maria Teresa Horta
fotografia de Tolik Dydnik