
Eu te proponho:
— encontros à meia luz
em quartos de desejos
com janelas de nudez,
e portas escancaradas
para receber com pompas
o amor fugido dos silêncios.
Eu te proponho:
— entre mordidas e beijos
que ouças minha voz liberta
deixando no espaço o eco
dos gritos da minha carne
ansiosa por sentir
o arrepio da tua pele
quando meus dedos percorrem
o caminho das tuas coxas.
Eu te proponho:
— fúria, tempestade, tremores,
no mar dos lençóis de seda
para eu ficar à deriva
nas águas do teu prazer,
procurando no céu dos teus olhos
cadentes estrelas kamassutreanas
desenhando em minha mente
as mais loucas posições.
Eu te proponho:
— não deixar o fogo amainar,
avivá-lo com as muitas achas
da minha lascívia latente,
retirando as cinzas com o sopro
vindo do fundo das entranhas,
expondo todas as brasas
que são momentos de loucura
ao embriagar-me em cio
com teu doce licor carnal...
por Maria Hilda de Jesus Alão,
fotografia de David LeBeck
poema proposto por leitora anónima