quarta-feira, 30 de julho de 2008

Provocadora


Gosto de me aninhar
Entre os teus braços.
Os meus seios duros
Tocam o teu peito.
Aproximo-me mais...
Com os braços
Enlaçando-te a cintura.
Sou uma concha...
Olho-te...
Sou uma provocadora...

Por Marta Vinhais
fotografia de Poluyanenko Alexey


Este poema foi-me enviado pela autora. Veja o seu blogue
Com Amor

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Castigo


Desencaixo-me displicente.
Esvaziei-me, enfim.
Teu corpo
ainda queima,
tua mão ainda afaga.
Jamais
o prazer fora tão perverso.
Escondo meus lábios
atrás do batom.
Teus olhos
canibais marinhos
começam a se desfazer.
Não consigo te acompanhar.
És tão tolo...
Ainda me engasgo
com um último orgasmo.
Venci.
Sou aquela
que pela primeira vez
amas.
Mas a noite se esvai.
Sei que vais me tocar:
deixarei?
Não quero me amarrotar.
Tua boca me implora,
só que as estrelas se apagaram.
Vou-me embora
para nunca mais...
Se fosse amor,
não acabaria.

Por Agostina Akemi
fotografia de Ludovic Goubet

terça-feira, 22 de julho de 2008

A uma mulher amada


Ditosa que ao teu lado só por ti suspiro!
Quem goza o prazer de te escutar,
quem vê, às vezes, teu doce sorriso.
Nem os deuses felizes o podem igualar.

Sinto um fogo subtil correr de veia em veia
por minha carne, ó suave bem-querida,
e no transporte doce que a minha alma enleia
eu sinto asperamente a voz emudecida.

Uma nuvem confusa me enevoa o olhar.
Não ouço mais. Eu caio num langor supremo;
E pálida e perdida e febril e sem ar,
um frémito me abala... eu quase morro ... eu tremo.

Por Safo
fotografia de Oleg Kosirev

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Prazer e êxtase


O prazer se
faz em êxtase:
quando o
meu corpo,
feito água,
descobre
todos os
caminhos
do seu.
E deixa-se
ficar
onde você
mergulha em
mim.

Por Stela Fonseca
fotografia de Andrey Samartsev

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Quero um amor proibido


Antes de morrer queria muito viver
Um exuberante amor proibido,
Daqueles que ninguém haja tido
Para sentir nas veias correr

O sangue, tal qual a lava dum vulcão,
Queimando tudo, deixando só brasas.
Um amor que me transporte em suas asas,
Que não confesse que o seu coração

A outro amor há muito tempo pertence.
Mesmo assim, entregar-me-ia sem pensar,
Porque nada me impede de sonhar,
Como um bufão sob a lona circense,

No palco, onde seu encanto o transfigura,
Ao lembrar a mulher do seu passado
Que o fazia sentir-se feliz, amado,
Esconde a dor que no peito perdura.

Antes de morrer queria muito viver
Esse amor que causa tanta ansiedade
Que é antítese da felicidade,
Fonte do prazer e do muito sofrer.

Por Maria Hilda de Jesus Alão
fotografia de Poluyanenko Alexey

Uma semana atribulada

Esta foi uma semana cheia de trabalho. Os meus posts andaram em regra um dia atrasados, e finalmente, na sexta-feira, nem tempo tive para o preparar. Os comentários aos vossos comentários quase que eram adiados para as calendas gregas. Espero que agora tudo volte a um ritmo mais próprio do Verão que já se faz sentir.

Beijos

Pedro M.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Ritual Secreto


Amante mío, estoy desnuda, más fresca que el agua azul
para tu noche de amor.
Cada extremo de mi boca,
cada esquina de mis miembros
se apresuran como ágiles peces
hacia tus tibias aguas.
Amante mío, yo deseo la mordedura de tus dientes
y me encamino temblorosa hacia cada uno de tus dedos,
me detengo a mirar tu cuerpo a través de oscura cerradura
e incontenible deseo se posa en mis húmedos senos.
Por tí se escapa la sequedad de mi boca,
mi mirada de brújula perdida en tus rincones,
floto voluptuosa en tus profundas aguas
y me abro como flor nocturna a tu plácida noche.
Mi cuerpo, fiesta fértil y lasciva.
Paséeme solitaria, desnuda ante tu noche,
siémbrame semillas olorosas a sal.
Mírame desnuda
con la hermosa sospecha
que mi vientre será fértil a tu salada lluvia.
Mi caverna, tibia y silenciosa, guarida perfecta
de tu solitario cuerpo,
Mi boca es suave entre tus dientes,
mi lengua, pájaro que anida en tu boca.
Por mi carne fluye sudor de hierro
y me prendo
como alga marina a tu confuso mar.
Soy la obra inconclusa
con infinitas posibilidades para un final.
Me entrego fácil a tus brazos,
con el misterioso encanto de un ritual.

Por Orietta Lozano
fotografia de Pavel Kiselev

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Descoberta


Um CD
uma música
nós dois
um clima
o amor

Noite de estrelas
perfume de madrugada...
sensualidade

A camisa de botões entreabertos
me dá uma pequena amostra
da tua masculinidade...

eu não resisto

e abrindo botão por botão
deixo cair no chão
este primeiro obstáculo

eu te desnudo...

e te toco
te invado
percorro os teus caminhos,
invento trilhas,
descubro o teu ponto G

eu te sinto...

sem atropelos
eu brinco nos teus pêlos,
ora tímida,
ora ousada...

minhas mãos no teu corpo
fazem a sua "Cavalgada".

Te exploro
te provoco
te causo alvoroço,

brinco no teu cabelo
na tua boca
no teu rosto

te acaricio o peito
tuas costas
teu pescoço.

Passeio na tua cintura...

e pouco a pouco
eu te deixo louco

te acarinho aqui,
ali primeiro,
te toco no corpo inteiro

te encho de desejo
te levo ao delírio
incendeio esse corpo teu.

Então eu te descubro...

Eu te possuo
já não és mais o menino.
És um homem
tão... e somente meu!

Por C. Almeida Stella
fotografia de Oleg Kosirev

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Joelho


Ponho um beijo
demorado
no topo do teu joelho

Desço-te a perna
arrastando
a saliva pelo meio

Onde a língua
segue o trilho
até onde vai o beijo

Não há nada
que disfarce
de ti aquilo que vejo

Em torno um mar
tão revolto
no cume o cimo do tempo

E os lençóis desalinhados
como se fosse
de vento

Volto então ao teu
joelho
entreabrindo-te as pernas

Deixando a boca
faminta
seguir o desejo nelas.

Por Maria Teresa Horta
fotografia de Aquarelle

quarta-feira, 2 de julho de 2008

O terceiro elemento


eram ele e ela
dois,
os dois apenas
ela por ele
em cima
ele dentro
em baixo
atrás
ao lado
dentro dela
ela gemia
ele sorria
ela gritava
ele batia
puxava os cabelos
dela e ela inclinava
ainda mais as ancas
giros fortes
ela
ele
dentro dela,
apenas os dois.

então ela por cima
o comia
feito um homem
dizia quieto
dizia mexe
dizia goza
ela por cima
dele,
ele dentro dela
ela pedia
dizia mete
dizia fode
mandava nele
e ele só fazia
o que ela queria.

e então um dia
ele dentro dela
o dedo dela
escorregou pra
dentro dele
ele gemeu
brigou
não quero
machuca
e ela ouviu
sorriu
enquanto o dedo
dela brincava gentil
dentro dele
e ele não mais
resistia.

e não bastou
para ela, não.
ela sabia
o que ele queria
embora ele não
soubesse que podia
então no ouvido
dele
sussurrava
coisas esquisitas
aflita, louca

ele dentro dela
sempre
ela se contorcia
em gozo, tonta
mas queria outro
com eles
queria outro
na sua boca
enquanto ele
a fodia.

então dizia rouca
a ele
a sua fantasia
no ouvido dele
o outro descrito
como ela queria
contava e ele
o que o outro
fazia
enquanto ele,
cada vez mais louco
a fodia
forte
um garanhão
ela
tesão que o consumia
pedia mais
mais forte
enquanto dizia
e ele o que seus
olhos viam: o outro
sobre ele
enquanto ele a
comia
as pernas dele
abertas
enquanto ela
puxava as nádegas
dele e o abria
para o outro
que o fodia
o outro que a
beijava sobre
os ombros dele
e ele via
e punha a própria
língua entre as
línguas deles: do outro
que o comia e dela, que
ele fodia bem e forte
como só ele sabia

ela falava
e ele via
e ele sentia
e queria
desvairado
louco
tonto
embarcar naquela
fantasia
que era dela - e por
ser dela,
ele se desculpava
isso o redimia
e então ele
podia
ser o macho
ser a fêmea
e ele podia
ser qualquer
coisa
qualquer forma
de prazer valia
e ele punha
os dedos dele, juntos
na boca que ela
oferecia
e junto com ela
lambia
chupava os dedos
grossos,
os dois
ao mesmo tempo
e os dedos eram
o pénis do
outro que ela
queria.

juntos
podiam tudo
até tornar o outro
mais que fantasia
e isso era
o que ele mais queria
e isso era
o que ele mais temia.

Por Nálu Nogueira
fotografia de Santillo