57 anos, profissional liberal. Vivo no Porto. Adoro mulheres sensuais, apaixonadas, vibrantes... Acompanhante masculino. Simpático, discreto, culto, meigo e carinhoso. Desloco-me a domicílios, hotéis e motéis. Disponibilidade algo limitada, por motivos profissionais. Qualquer encontro deverá ser marcado com alguma (pequena) antecedência.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Sou tua
O meu corpo
Tem toque de veludo
Na entrega carnal
Dos afectos
E desejos incontidos
Que não escondo
Atrás de máscaras
De menina decente.
Sou mulher,
Inteira, completa,
E quero-te
Ávido de mim,
Sedento dos meus seios
E ansioso
Pelo roçar das minhas coxas
Que se abrem para te receber.
Completa-me e mistura-te
Com os fluidos lascivos
Que se unificam
Em matéria
Que anseio receber
Dentro de mim...
Vem...
Sou tua!
por Vera Sousa Silva
fotografia de Didier Carré
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Mãos
um mole cedia
macia era aquela pele que agarrava
os pêlos
Madalena no escuro
a melhor
a mais simples
no silêncio na pele agarrava
a minha
a dela
toda
calças
dedos
aplicados
enrolei
a mama toda aberta
os dedos depois
como nuvem
a palma e os dedos
por cima
sem forma
os dedos
um no outro tocando-se
de cima
de mim
redonda
no escuro
na vulva
cedendo
peles escorregando
líquido
largo
sob o dedo encontro
a carne
sentem pelos nós
as unhas
nascentes
minúsculas
chupando o dedo
as nádegas minúsculas
o dedo descaindo
apontado
exterior
por Álvaro Lapa
fotografia de autor desconhecido
Nas ervas
Escalar-te lábio a lábio,
percorrer-te: eis a cintura
o lume breve entre as nádegas
e o ventre, o peito, o dorso
descer aos flancos, enterrar
os olhos na pedra fresca
dos teus olhos,
entregar-me poro a poro
ao furor da tua boca,
esquecer a mão errante
na festa ou na fresta
aberta à doce penetração
das águas duras,
respirar como quem tropeça
no escuro, gritar
às portas da alegria,
da solidão.
porque é terrivel
subir assim às hastes da loucura,
do fogo descer à neve.
abandonar-me agora
nas ervas ao orvalho -
a glande leve.
por Eugénio de Andrade
fotografia de Arealdream
in Música de Cama
Entre as nádegas
o pávido sulco
tem aromas de áfricas
e de uvas de outubro
Dirias que fora
um silvo de morte
a penetrar toda
a nocturna flora
até hoje intacta
que ainda aí tinhas
Respira Não fales
Murmura Não grites
Que travo de amoras
Que túnel escuro
Que paz no que sofres
por mais uns minutos
O pescoço vergas
submissa e frágil
tal qual o de uma égua
que vai beber água
mas encontra a lua
E junto da cama
a rosa viúva
com lágrimas brancas
já pede a meus dedos
sacudido apoio
para a viuvez
em que a deixo hoje
Muito mais a norte
os queixumes calas
E nem gemes Gozas
enquanto te invade
o suco da vara
vertido no sulco
Vê como foi fácil
Respira mais fundo
por David Mourão-Ferreira
fotografia de autor desconhecido
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Quero
Perguntas-me...
Se te desejo
Não sei o que quero...
Seduzir-te...
Sentir-te...
Saborear-te
Espalhar o meu cheiro em ti...
Ah, sim...
Desejo-te...
Quero-te...
Quero mergulhar na tua pele...
Deixar-te louco com o toque dos meus lábios...
Ah, sim...
Quero-te...
Seduzir-te... sentir-te...
provocação de Marta
fotografia de Andrzej Tyszko
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
L’huile
Tu es l’huile, la première et l’extrême onction
Ma petite mort, tu t’insinues de partout, tu infiltres
Ma peau, la dores, la bronzes, hâlée je repose allongée sur le ventre.
Les veines des tempes enflées par l’orgasme
Et le sexe éclaté, tu disparais, tu t’égouttes,
Tu me goûtes, tu me lèches,
Me suces, me manges et me digères.
Derrière un thé à la menthe : je te laisse
A nouveau investir mes secrets.
Au bord de l’eau tu me masses,
Tu pénètres mes fantasmes,
Flottes sur l’eau.
Tu es comme une huile, douceur, fraîcheur,
Tu coules sur tout mon corps,
Tu pimentes mes jours, mes nuits,
Met chaleureux : je te laisse me croquer dans l’entrée.
Dans le désert, me laissant seule et désireuse avec ma boîte
A fantasmes, mon crâne défait par tant de caresses.
Les cheveux décoiffés, l’emploi du temps désorganisé,
L’espace d’une minute, tu as fait partir
Le temps et le sablier
En fumée
par Victoria Valtes
photographie de Norbert Guthier
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Nocturno vermelho
esta noite beberei
o vinho de tua taça
e deixar-me-ei levar
pelo que insinuas
mergulhar-te-ei
em mentiras tuas
mais absurdas
cruas, de todo
entregar-me-ei
ao idílio, filho
etílico do vício
teu desde o início
quererei perder-me
em teus meandros
e lençóis bordados
instinto dos portais
tintos tais, profanos,
dos vinhos mais carnais
derramados tais
sobre os panos
teu espírito em reflexo
à taça jazente semi-plena
entre nós, circunflexo
laço, boca, cena
e a vaga-luz difusa
as mentes deixadas
ao acaso dos desejos
ensejos do porvir
e a luz desnecessária
entrega-se à noite
e o absinto de Neptuno
afoga-nos em humores
quem eu? quem tu?
na comunhão de sentidos
na integração de fluidos
quem somos?
por CAlex Fagundes
fotografia de Pavel Kiselev
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Modo de amar ― VI e VII
Modo de amar – VI
Inclina os ombros
e deixa
que as minhas mãos avancem
na branda madeira
Na densa madeixa do teu ventre
Deixa
que te entreabra as pernas
docemente
Modo de amar – VII
Secreto o nó na curva
do meu espasmo
E o cume mais claro
dos joelhos
que desdobrados jorram dos espelhos
ou dos teus ombros os meus:
flancos
na luz de Maio
Por Maria Teresa Horta
fotografia de Stanislav Blagenkov
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Recorriéndote
Quiero morder tu carne,
salada y fuerte,
empezar por tus brazos hermosos
como ramas de ceibo,
seguir por ese pecho con el que sueñan mis sueños
ese pecho-cueva donde se esconde mi cabeza
hurgando la ternura,
ese pecho que suena a tambores y vida continuada.
Quedarme allí un rato largo
enredando mis manos
en ese bosquecito de arbustos que te crece
suave y negro bajo mi piel desnuda
seguir después hacia tu ombligo
hacia ese centro donde te empieza el cosquilleo,
irte besando, mordiendo,
hasta llegar allí
a ese lugarcito
-apretado y secreto-
que se alegra ante mi presencia
que se adelanta a recibirme
y viene a mí
en toda su dureza de macho enardecido.
Bajar luego a tus piernas
firmes como tus convicciones guerrilleras,
esas piernas donde tu estatura se asienta
con las que vienes a mí
con las que me sostienes,
las que enredas en la noche entre las mías
blandas y femeninas.
Besar tus pies, amor,
que tanto tienen aun que recorrer sin mí
y volver a escalarte
hasta apretar tu boca con la mía,
hasta llenarme toda de tu saliva y tu aliento
hasta que entres en mí
con la fuerza de la marea
y me invadas con tu ir y venir
de mar furioso
y quedemos los dos tendidos y sudados
en la arena de las sábanas.
por Gioconda Belli
foto de autor desconocido
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Sentidos
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Erótica
amar-te, ter-te em segredo
lamber-te, sugar teu grelo
gravar meus dentes em tua carne
cravar-me intenso, em ti, inteiro
sensação, sentir o teu cheiro
levar-nos, leve, a paixão
levar-me, elevar-me
enlear-me em teus enlevos
ler e reler teu corpo
saborear teu enredo
arredio, rumino e rio
num rasgo, rodopio e arrepio
aí rimo teu nome com desejo
sonho, com tua saia, teu seio
e seja o que for, com teu beijo
delírio, quente, febril
imagino, morro, desvio
de tudo, meu desvario
devaneio, louco, atrevido
me entrego, para ti, me deixo
em ti, e tu, rouca
embriaga-se com meu leite
e abate-se sobre o meu leito
por Eduardo Durso
fotografia de autor desconhecido
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Adormeço
Adormeço…
Imagino o teu corpo a descer sobre o meu…
A boca a tocar levemente o mamilo….
E as tuas mãos….
…..As tuas mãos desenham espirais no meu umbigo….
Nos meus lábios….
Um sorriso ansioso….
Nos teus olhos….
………sempre desejo e carinho….
Continuo a sorrir……….
………e aconchego o meu corpo ainda mais ao teu……….
provocação de Marta
fotografia de Hemail
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Modo de amar ― V
Docemente amor
ainda docemente
o tacto é pouco
e curvo sob os lábios
e se um anel no corpo
é saliente
digamos que é da pedra
em que se rasga
Opala enorme
e morna
tão fremente
dália suposta
sob o calor da carne
lábios cedidos
de pétalas dormentes
Louca ametista
com odores de tarde
Avidamente amor
com desespero e calma
as mãos subindo
pela cintura dada
aos dedos puros
numa aridez de praia
que a curvam loucos até ao chão da sala
Ferozmente amor
com torpidez e raiva
as ancas descendo como cabras
tão estreitas e duras
que desarmam
a tepidez das minhas
que se abrem
E logo os ombros
descaem
e os cabelos
desfalecem as coxas que retomam
das tuas
o pecado
e o vencê-lo
em cada movimento em que se domam
Suavemente amor
agora velozmente
os rins suspensos
os pulsos
e as espáduas
o ventre erecto
enquanto vai crescendo
planta viva entre as minhas nádegas
por Maria Teresa Horta
fotografia de Dahmne
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Luz depois do mergulho
depois de te amar saio refrescada
transparente nascida água
matéria de cisterna
de fosso fundo eterna
na tua profundidade
depois de me encharcar volto cristalina
do escuro à tona respiro
busco a luz que te defina:
água, talvez
água fugaz corpo piscina
por Cláudia Roquette-Pinto
fotografia de Aleksandr Bratukhin
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
L'Amant
Comme s'ils étaient écrits sur ma peau
Parcours mon corps comme un livre
Lis-moi de la nuit tombante au petit matin
J e te conterais l'histoire de cette femme banale
Qui dans ses rêves réjouit les bacchanales
Quand elle ferme ses yeux sur l'envie.
Le soir blotti seule, au fond de ses draps
Lis-moi de la première à la dernière lettre de notre kamasoutra
Comme si cela était mon ultime prière
Lis dans ses yeux ce besoin de toucher
Comme les caresses d'une plume sur un morceau de papier
Je te conterais l'histoire de cette femme si sage
Qui soupire comme un animal sauvage
Lorsque ses pensées ressentent le désir
De ta bouche qui l'explore avec plaisir
Elle sourit à la pensée de revoir tes yeux au bleu d’acier
Qui pétillent tendrement d'une lueur malicieuse
A la lecture de mes phrases audacieuses
je te conterais l'histoire de cette femme pudique
Osant se dénuder dans ce jeu érotique
Lorsqu’elle imagine la chaleur de tes doigts
Descendant des épaules aux creux de mes reins
Lis moi savoure un a un mes mots
Comme si pour toi rien n'était plus beau
Que de tourner les pages de mon corps
Qui chavire de plaisir
Lis-moi du soir au matin
Lis-moi aujourd'hui ainsi que demain
Tu pourras découvrir cet amour qui n'est que le tien.
par Tamara Jaworski
photographie de SM
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Sedução
Rubras faces
Rubros lábios
molhados
Caio de joelhos
cai a fina camisola perfumada
Inebriante
mais que o melhor néctar
e sem mais...
Te seduzo!
Abuso,
Lambuzo tudo
com meu arfar molhado
com leite e mel romano
com palavras e defeitos.
Mundano,
Humano...
Te seduzo!
Com carinho.
Delicada porcelana.
te envolvo e te engano.
Há malícia no ar.
A vontade inundando tudo
a nós...
mas ainda não!
Te seduzo!
Seus olhos já não estão em mim.
Estão fechados, adivinhando
meus toques.
Suas mãos suadas
Me conduzindo...
... aprendo seu corpo.
Te seduzo!
Cada pêlo
cada poro,
cada milímetro quadrado
dessa tez morena
implorará por mim
E de repente afundo
Reparo, então
que no fim do fundo
não mais seduzo...
Seduzido me confundo,
com você.
por Cláudio de F. Barbosa, para Sandra P.
fotografia de Igor Balasanov
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Masturbação
Eis o centro do corpo
o nosso centro
onde os dedos escorregam devagar
e logo tornam onde nesse
centro
os dedos esfregam ― correm
e voltam sem cessar
e então são os meus
já os teus dedos
e são meus dedos
já a tua boca
que vai sorvendo os lábios
dessa boca
que manipulo ― conduzo
pensando em tua boca
Ardência funda
planta em movimento
que trepa e fende fundidas
já no tempo
calando o grito nos pulmões da tarde
E todo o corpo
é esse movimento
que trepa e fende fundidas
já no tempo
calando o grito nos pulmões da tarde
E todo o corpo
é esse movimento
em torno
em volta
no centro desses lábios
que a febre toma
engrossa
e vai cedendo a pouco e pouco
nos dedos e na palma
Por Maria Teresa Horta
Fotografia de autor desconhecido
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Na penumbra
Raiava, ao longe, em fogo a lua nova,
Lembras-te?... apenas reluzia a medo,
Na escuridão crepuscular da alcova
O diamante que ardia-te no dedo...
Nesse ambiente tépido, enervante,
Os meus desejos quentes, irritados,
Circulavam-te a carne palpitante,
Como um bando de lobos esfaimados...
Como que estava sobre nós suspensa
A pomba da volúpia; a treva densa
Do teu olhar tinha tamanho brilho!
E os teus seios que as roupas comprimiam,
Tanto sob elas, túmidos, batiam,
Que estalavam-te o flácido espartilho!
por Raimundo Correia
Fotografia de Yan McLine
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Rendez-vous
São 6 da manhã, o acordar apaga o dormir
Sinto o começar de mais um dia
para minha surpresa ao meu lado, um deus materializa-se
Frente a frente suspenso o tempo fica
Tenho a certeza de que nos conhecemos noutro tempo, noutro lugar...
Quando chegas até mim os nossos olhos encontram-se,
como duas almas gémeas e num piscar de olhos
tento imaginar o que tenho andado a perder
Então, viro-me e pergunto-te se também queres...
Rendez-vous? Onde? Na minha?... Diz sim!... e fazemos o que quiseres...
A noite é tua!
Fechaste os olhos, espera um minuto, um momento... repara!
Quando fantasias, é comigo?
À noite... eu serei tua...
Passou tanto tempo sem...
não posso negar o que sinto,
por isso, novamente pergunto
Rendez-vous? Onde? Na tua?... Sim!... e faremos o que quiseres...
A noite será minha e tua.
Provocação de Jade
Fotografia de Ellington
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Modo de amar ― IV
terça-feira, 21 de outubro de 2008
(A)pelo
Sente, sente, sente
Minha vulva chama-te
Tua ausência ela reclama
Mantra, mantra, mantra
Meu corpo todo canta
A esperar por tua dança
Mentes, mentes, mentes
Se dizes que não queres
O que teu falo clama
Tantra tantra tantra
Não há espírito que aguente
Tanta ausência de repente...
Doente, doente, doente
Ficarei totalmente exposta
Se para meus apelos
Tu não deres respostas
Sonha, sonha, sonha
Com meu corpo em minha cama
Vem, sente, toca, toma:
meu corpo todo em chamas
Por Gueixa
Fotografia de Martin Kovalik
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Face do desejo
Lume.
A dança da chama,
bailarina esguia.
Pele.
Aceso toque da noite
leve invisível.
Antepercebe-se
a flauta do fauno
invadindo a sala.
A boca percorre
palavras de veludo
sorvidas aos tragos.
Sabe-se nada...
a alma é tomada
e tudo é momento.
Agora.
a noite é hora
neste aposento.
Toca o pêlo
entumescimento
das pontas.
Lambe a aura
da divindade
vaga.
Penumbra.
Chama do fogo,
lenho de carne.
Inebriam-se os lábios.
Frêmito.
Espírito absorvente da noite.
Cabelos
dedos em novelos
nebulosas e redondilhas.
Ilhas.
Crespos.
Águas.
Deitam-se a verter
ao sabor do nascituro,
eremita de fogo.
Gomo de fibras.
Lábio sorve a sede
da água que verte.
Um vaso aberto,
gardênia em chamas,
carmesim do fogo.
Ponto de fêmea.
Ambiente.
Atmosfera.
Hálito.
Perfume.
Máscara.
Sangue
em pele
marfim.
Cambraias
abertas
em pernas de mulher.
Heliocêntricos
raios olhos
fixos no nada.
Músculos tesos.
Húmida.
Tépida.
Abre-se a porta.
Rude o peregrino
chega e faz morada.
Língua molhada
ao encontro
de alvéolos e esponjas.
Água salgada
maresia de fêmea
Sede de nervos
e músculos
a forçar
entranhas.
Brumas
sanguíneas,
cama de ferro.
Fêmea de
pernas
escancaradas.
Cortina de gaze.
Vento marítimo.
Odor de dentro.
Envolvente
o prazer
da mulher deitada.
Faz de mim o tempo.
O simples pulsar
dentro de ti.
Anjo, te faço fêmea.
Mulher, te faço anjo.
Faço-te gozo.
O gozo de meu sangue
é o leite
que te serve.
Na águas de tua
fonte afogas
a minha sede.
A língua percorre
um fio na topografia
de montes e vales.
A fêmea é terra
latente na eterna
espera da semente.
Penumbra do quarto
olhos da noite.
Como me achas?
Como me vês?
Como sabes trazer-me
pra dentro de ti?
O vinho.
A noite.
O silêncio.
Nada além das janelas
Nem mesmo horizontes existem
num quarto de casal.
Deposito em ti a minha
Eternidade.
Sou teu amante.
E deito em ti
minhas surpresas em forma
de farsas adocicadas.
Quando dormes e acordo
com teus gemidos persigo
teu gozo com meu pensamento .
Vejo-te outra,
longe de mim,
a se espargir no éter.
Teu corpo é belo
tua mente, insana
quando deitas na cama
e te cobres de pétalas.
A alma da mulher
se esconde num beijo.
Por CAlex Fagundes
Fotografia de Lady O
terça-feira, 14 de outubro de 2008
Paris
Caminhavas lento
o corpo solto
quase displicente
à volta do rosto
cabelos dourados
pelo sol poente.
Imaginei-te nu
qual estátua viva
apenas saída
do museu em frente.
E ali fiquei parada
no banco da praça
olhando esquecida
de encobrir o olhar.
E fui-te despindo
sonhando acordada
sem me perguntar
de tua vontade.
Passaste sorrindo
atrasando o andar,
como se estiveras
num espelho a entrar.
Por Eugénia Tabosa,
fotografia de Scott Church
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Insana
Jogo-me nua,
nos teus solidários braços
escrevo meus desejos nas tuas vontades,
em cada linha desse caminho sem volta.
Levando-me no rasto dos teus afagos.
Declamando a tua farta poesia,
pelos meus cantos em demasia,
na pausa latejante do teu verso,
fazemos amor de modo perverso.
Em poemas molhados de abraços.
Guia a língua que te sacia,
a tua boca que me beija louca,
na fusão de nossos laços.
Entrego-me nas tuas mãos de pecado,
ao som dos teus sussurros rimados,
Sinto o teu prazer amanhecer,
no brilho desse teu olhar parado.
Na ousadia deliciosa dos teus gestos.
Insana...
Dedicado pela autora, Carinho
Fotografia de Howard Schatz
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Modo de amar ― III
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
Teu cheiro
Guardo o teu cheiro em mim…
Sinto-o...
.........descarado ….
A brincar no meu corpo….
Coberto de água e gel…
A infiltrar-se….
Nesses caminhos que escondo…
E agora desnudo….
Para que os enlaces…
Com paixão e prazer…………
Dedicado pela autora, Marta
Fotografia de Elira
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
O meu sonho
A noite já ia longa e eu já te esperava. Sentada naquela rocha junto ao mar, aguardava-te enquanto ias buscar a nossa bebida.
Encostei os meus joelhos ao meu queixo e abracei-os com os meus braços.
Ao fundo olhava-te. Via-te andar descalço sobre a areia molhada da praia.
A tua imagem era projectada sobre as ondas que te beijavam os pés e o horizonte onde as estrelas e a Lua resplandeciam. O seu brilho confundia-se com o fulgor da tua silhueta.
Eu continuava a olhar-te, até te sentares a meu lado.
Juntos de mãos dadas, apenas nós na companhia do imenso mar e das estrelas.
Entre beijos e carícias deito-me sobre a areia molhada, enquanto tu soltas as alças da minha blusa, uma por uma. Sinto o meu coração a bater cada vez mais depressa e os meus lábios a procurar a tua língua.
A tua mão percorre o meu peito tornando os meus mamilos cada vez mais tumentes.
E tu curvado sobre mim beijas-me.
Com a minha mão procuro o teu sexo. Já está duro e quente. Como estás excitado! Desaperto as tuas calças e agarro-o. Sinto-o latejar em minhas mãos.
Levantas a minha saia e com a tua mão percorres as minhas coxas querendo silenciosamente chegar ao teu porto de abrigo. Afastas-me as pernas e tocas-me. Sentes-me húmida. Com os teus dedos torneias o meu sexo.
Arqueio meu corpo de desejo. Sentindo cada toque teu.
A tua língua percorre o meu corpo, poro a poro. Deixas-me louca. Com desejo que me possuas à beira mar.
Entre gestos e carícias, sinto a minha boca a percorrer o teu corpo. De repente paro e sinto o calor que emana o teu sexo. Não resisto, beijo-o. Com a língua percorro-o e aí tu soltas um gemido e palavras que não consigo decifrar. Como sinto a tua inquietude. Enquanto devoro o teu sexo sinto as tuas mãos trémulas percorrerem o meu cabelo e o meu rosto.
E num ápice sinto-te já dentro de mim, penetras-me. Grito de prazer.
E tu beijando meu peito, mordiscando-o, entras e sais em mim… sinto o fogo a percorrer o meu corpo e grito que não aguento mais, mas quero e peço que não pares. O teu rosto malandro sobre os meus olhos deixa cair gotas de suor. Sinto o teu corpo cada vez mais intenso. Eu gemo eu grito e tu não paras. E tu gemes vincando o teu rosto com aquela expressão que é só tua. E das minhas entranhas o gozo é derramado. Os nossos corpos cansados do ritmo alvoroçado, descansam um sobre o outro. Ali, na companhia do mar que quase nos beija os pés, onde conjuntamente com a Lua e as estrelas testemunha um momento de prazer e de paixão. Onde dois corpos se unem por um momento único de prazer. E amaste-me ali junto ao mar, onde o horizonte se transformou em prata e as ondas do mar cantaram apenas para nós.
Para ti Pedro M. Um beijo molhado pela espuma branca do mar que molha os nossos corpos.
Dedicado e escrito por uma leitora anónima
Fotografia de autor desconhecido
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Modo de amar ― I e II
Modo de amar – I
Lambe-me as seios
desmancha-me a loucura
usa-me as coxas
devasta-me o umbigo
abre-me as pernas
põe-nas nos teus ombros
e lentamente faz o que te digo:
Modo de amar – II
Por-me-ás de borco,
assim inclinada...
a nuca a descoberto,
o corpo em movimento...
a testa a tocar
a almofada,
que os cabelos afloram,
tempo a tempo...
Por-me-ás de borco;
Digo:
ajoelhada...
as pernas longas
firmadas no lençol...
e não há nada, meu amor,
já nada, que não façamos como quem consome...
(Por-me-ás de borco,
assim inclinada...
os meus seios pendentes
nas tuas mãos fechadas.)
Por Maria Teresa Horta
fotografia de autor desconhecido
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Primeiro suspiro
Arromba!
Penetre entre as gretas que te enxergam
Adentre pelos poros que veneram
o teu suor no meu endoidecido...
Arromba!
Por todos os meus lados puritanos
tão virgens e tão castos, espartanos
te engulo feito louca ao teu gemido...
Arromba!
Teu gozo expluda em mim feito uma bomba
debata-se e debata-se vencido
calando o meu grunhir na tua boca...
E...
depois da casa arrombada
não reste mais nada
por viver...
por Isabel Machado
fotografia de autor desconhecido
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Concierto a puertas cerradas
Con estas manos hechas para ti
quiero
uno a uno tocar
los instrumentos de tu cuerpo
al palparte
me salen tonos
partituras
música en fin
de todas partes
se precisa un golpe
de batuta
para tocarte sin desafinar
estás llena de violines
en ti los pájaros ensayan
sus últimas canciones
en ti debuta una alta fidelidad
que termina
entre mis dedos
haciéndote fraterna
amo tus instrumentos
cuando me inundas de sonidos
cuando tu cuerpo me nombra
el músico más grande
que nadie se sienta herido
ni Bach ni Beethoven
ni los trompetistas del juicio final
eres un concierto
que sólo yo puedo tocar.
Por Tomás Castro
fotografia de Marc Steinhausen
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
Como eu gosto
Sinto um arrepio…
Sinto um estremecer sempre que me tocas.
A tua mão, os teus dedos,
Veludo puro!
A suavidade da tua pele a tocar a minha!
Pura seda!
Olho-te, vejo o quanto te desejo.
Esse corpo, essa pele, esse cheiro!
Enlouquece-me o teu sorriso,
A tua língua em meus mamilos túrgidos.
Alvoraça-me teus dedos em minha vulva,
Sinto uma humidade impossível de conter.
Endoidece-me sentir-te duro em minhas coxas,
Quente, pulsante, irrequieto… como eu gosto!
Entre toques, entre beijos, entre carícias,
Loucos de prazer…
Com tuas mãos afastas as minhas coxas,
Como a desbravar o caminho que procuras.
E entras em meu corpo, como quem entra em sua casa!
Percorres-me, como se eu fosse o teu mundo,
Numa determinação única, profunda.
Conhecedora do seu território!
E ali de corpos seguros um ao outro
Em movimentos coordenados!
Perfeitamente encabados,
Perfeitamente ensaiados.
Como se se conhecessem como ninguém,
Um fora feito para o outro!
De repente, do meio do nada,
Entre movimentos desordenados,
Entre movimentos ríspidos e afogueados
Soltam-se gemidos, soltam-se gritos!
Gera-se a volúpia da paixão!
As gotas de suor escorrem nos rostos,
Os movimentos repetem-se… e soltam-se gritos!
E aí, tu… Tu ficas ali, deitado no meu braço,
Esperando que fale ao ouvido!
Dedicado e escrito por uma leitora anónima
Fotografia de Howard Schatz
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Flor aberta
Minha carne abriu
Como uma flor rubra
Boca dentro de boca
Babando carnívora
Por charutos vivos
Estou sem batom
Eu me sinto nua
Assim mesmo crua
Eu me sinto toda
Super protegida
Até um beijo seu.
Nas ladeiras molhadas
De minha geografia
Passam os bondes tortos
Para o varadouro
De um túnel de mim.
O pequeno falo
Quer correr guloso
Sobre o tapete
Safado da fala
Voar nele veloz
Para mil orgasmos.
Quando a boca
Engole o falo
Pouco resolve a tinta
Porque se o coração
Estala
E a boca
Baba
A palavra permanece intacta
Alimentando
Os demónios.
Dedo na boca
Chupo
O homem
De outra mesa
O meu
Bebe
Cerveja.
Por Everaldo Vasconcelos
fotografia de Evgeniy Bokser
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
En la doliente soledad del domingo
(Picture removed according to the author's wish, as expressed through iStockphoto LP)
Aquí estoy,
desnuda,
sobre las sábanas solitarias
de esta cama donde te deseo.
Veo mi cuerpo,
liso y rosado en el espejo,
mi cuerpo
que fue ávido territorio de tus besos,
este cuerpo lleno de recuerdos
de tu desbordada pasión
sobre el que peleaste sudorosas batallas
en largas noches de quejidos y risas
y ruidos de mis cuevas interiores.
Veo mis pechos
que acomodabas sonriendo
en la palma de tu mano,
que apretabas como pájaros pequeños
en tus jaulas de cinco barrotes,
mientras una flor se me encendía
y paraba su dura corola
contra tu carne dulce.
Veo mis piernas,
largas y lentas conocedoras de tus caricias,
que giraban rápidas y nerviosas sobre sus goznes
para abrirte el sendero de la perdición
hacia mi mismo centro
y la suave vegetación del monte
donde urdiste sordos combates
coronados de gozo,
anunciados por descargas de fusilerías
y truenos primitivos.
Me veo y no me estoy viendo,
es un espejo de vos el que se extiende doliente
sobre esta soledad de domingo,
un espejo rosado,
un molde hueco buscando su otro hemisferio.
Llueve copiosamente
sobre mi cara
y sólo pienso en tu lejano amor
mientras cobijo
con todas mis fuerzas,
la esperanza.
Por Gioconda Belli
fotografia de Igor Balasanov
Aquí estoy,
desnuda,
sobre las sábanas solitarias
de esta cama donde te deseo.
Veo mi cuerpo,
liso y rosado en el espejo,
mi cuerpo
que fue ávido territorio de tus besos,
este cuerpo lleno de recuerdos
de tu desbordada pasión
sobre el que peleaste sudorosas batallas
en largas noches de quejidos y risas
y ruidos de mis cuevas interiores.
Veo mis pechos
que acomodabas sonriendo
en la palma de tu mano,
que apretabas como pájaros pequeños
en tus jaulas de cinco barrotes,
mientras una flor se me encendía
y paraba su dura corola
contra tu carne dulce.
Veo mis piernas,
largas y lentas conocedoras de tus caricias,
que giraban rápidas y nerviosas sobre sus goznes
para abrirte el sendero de la perdición
hacia mi mismo centro
y la suave vegetación del monte
donde urdiste sordos combates
coronados de gozo,
anunciados por descargas de fusilerías
y truenos primitivos.
Me veo y no me estoy viendo,
es un espejo de vos el que se extiende doliente
sobre esta soledad de domingo,
un espejo rosado,
un molde hueco buscando su otro hemisferio.
Llueve copiosamente
sobre mi cara
y sólo pienso en tu lejano amor
mientras cobijo
con todas mis fuerzas,
la esperanza.
Por Gioconda Belli
fotografia de Igor Balasanov
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Traição
Viajo até o ponto mais arrepiante da tua nuca
Percebo o endurecimento do seu corpo
Teus seios
Teus braços
Tua boca
Arrepios
Calafrios
Minha mão decorando teus poros
A ponto de contá-los
Um a um
Conheço o gosto de cada centímetro
Beijos
Cheiros
Misturas
Sinto tremores
Amores
Fisgadas
Calafrios
Minha mão decorando teus pelos
Conheço-os um a um
Cobertura delicada
Da meiga e rija vulva
Que sabe dizer o meu nome
Que me beija
Já não sei onde fica a sua boca
Língua
Mistura
Carnes em estado de fusão
Corpos em estado de tesão
Gozo
Gritos
Beijos
Mentiras
Promessas falsas
Traição
Por Silvio Helder Lencioni Senne
fotografia de Spike
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Quero
Quero sentir o teu beijo,
Quero sentir a tua barba roçar a minha pele,
Quero sentir o perfume do teu corpo,
Quero enlouquecer.
Desejo-te ardentemente.
Anseio o sabor do teu corpo.
A loucura da paixão...
A mistura da pele.
O sexo por sexo,
O desatino total,
Tu, eu, eu e tu...
Quero ouvir gritos, gemidos...
Quero sentir a vontade, a dor, o prazer...
Quero-te a jorrar-me,
Quero-te ouvir,
Quero-te a gritar para mim,
Quero-te a quereres-me
Quero-te hoje sem o amanhã!
Quero a paixão!
Quero cada momento!
Mas não quero promessas,
Mas não quero prisões...
Quero-te enquanto te quero!
Quero cada momento...
Quero-te a ti prazer que me liberta,
Que me faz sentir mulher.
Dedicado e escrito por uma leitora anónima
Fotografia de Elsker
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Apetece-me
Apetece-me…
Deitar-me na areia molhada…
Ficar à mercê da maré…
A espuma…
………disfarçando a minha nudez…
Só conhecida do Vento…
Que agora tu afastas…
Decididamente…
E, para ti reclamas…………….
Dedicado pela autora, Marta
fotografia de Alois
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
Sólo un beso caliente
Este deseo me mata
no es cualquier
Te deseo de verdad
como al primero
olvidarte non quiero
No me falta ni tiempo
ni dinero
voy a hacerlo
tengo ganas de cambiar...
Lo quiero un
hombre verdadero
mañana partiré sin vacilar...
Sólo un beso caliente del norte
en mi vida...
la herida pasará
Siento el viento
adelante de cuerpo tuyo
todo lo que se haga yo lo haré.
Una roca saliente del norte
parece como un beso
sobre el mar
siento el viento
adelante de tu boca
he perdido el sueño
siguiendo mi destino...
Luna que puede engañar
fría es la noche
hombre, hombre,
dime que me deseas
sabes,
hombre,
yo también te deseo
Sólo un beso caliente...
Dedicado por Jade, que o escreveu inspirada no poema Panamá de Ximena Abarca
fotografia de Oleg Tityaev
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Mais beijos
Devagar...
outro beijo... ou ainda...
O teu olhar, misterioso e lento,
veio desgrenhar
a cálida tempestade
que me desvaira o pensamento!
Mais beijos!...
Deixa que eu, endoidecida,
incendeie a tua boca
e domine a tua vida!
Sim, amor…
deixa que se alongue mais
este momento breve!...
— que o meu desejo subindo
solte a rubra asa
que nos leve!
Por Judith Teixeira
fotografia de David LeBeck
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Vagina II
Tenho a ânsia infinita de te possuir
até o fundo, sem qualquer constrangimento.
E ao mesmo tempo quero fazer-te sentir
-se, então, senhora nem que por um momento.
Em meio à faina, meio da batalha.
Espada em riste, sem traço de clemência.
Afasto as portas de tua residência
e cravo tudo rompendo a tua malha.
E ao sentir-se tão fundo lancetada
tua vagina entrega-se de todo,
vibra por dentro, toda encharcada
e me domina enquanto eu a fodo.
E a luta afasta de nós todas as éticas
no afã de possuir a alma alheia.
Uma ciranda entoada sem poéticas,
uma charanga expressa em carne, nervo e veia.
E eu te domo, gazela desfreada.
E eu te como, boceta enfurecida.
Eu te quero assim, escancarada,
pra despejar em ti a minha vida.
E se aproxima a última estocada
o frenesim expresso, uníssono dueto
tua boceta me traga esfaimada
e te devoro no teu fundo aposento.
Mas num momento em que tudo é mais tudo,
como se fizesse a morte inquilina.
nesse instante supremo eu fico mudo
e me rendo, inteiro, em tua vagina
Por CAlex Fagundes
fotografia de Pixellinde (Ghislain Lindeboom)
terça-feira, 2 de setembro de 2008
Vagina I
Teus lábios,
doce mel de frutas sazonais,
se oferecem livres
ao desfrutar dos beijos.
Tua boca molhada,
ostra aberta ao desejo,
saliva de todas delícias.
A flor de todas carícias
tuas pétalas
ficam expostas aos meus sentidos.
Abre-se,
jardim das virtudes,
fazendo-se carne
e despeja sobre mim
tua água farta.
O calor de teus ermos,
o vale de tua sombra,
transmite-me, dentro de ti,
a dádiva profana da terra onde
todos os frutos habitam
e se depositam
todas as sementes.
Sabe-se que tu, mulher,
antes de mais nada
tens a vagina preparada
para afirmar-te fêmea
a qualquer tempo.
Por CAlex Fagundes
fotografia de Ludovic Goubet
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Som de mulher
Os olhos são o espelho da alma.
E se isso, verdade é,
deixe-os serem a janela,
e veja por um instante
minha alma de mulher.
Vê a borboleta
que em doces volteios
acaricia suave, seus cabelos?
São meus dedos.
Feche os olhos e sinta.
Ao som suave da brisa,
minhas carícias que
vão lhe envolvendo.
Sinta o toque na pele,
que traçando seu rosto
vai descendo mansinho
em direcção ao seu peito.
São meus beijos.
Sente o roçar pela cintura,
como asas de libélula voejando?
É minha língua.
Vou adentrando.
Das vestes, já liberto,
sinta o tempo de Agosto
que vai molhando seu corpo.
Estou provando seu gosto.
Segure de leve, pressionando,
minhas ancas
transformadas em rédeas,
enquanto vou cavalgando.
Fica assim...
Parado a sentir
o veludo húmido lhe envolvendo.
Você está dentro de mim.
Rápido...
Vem comigo!
Vamos chegar ao fim...
Agora abra lentamente seus olhos.
Sinta a vida transformada
em seiva que de seu corpo flui.
Não me procure.
Como a tarde dessa primavera
Eu já fui...
por Asta Vonzodas
fotografia de Luc Selen
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
Menina, mulher amante
Menina, mulher amante,
com seus olhos brilhantes,
quero ter você por um instante,
e beber teu prazer constante...
Beijar o teu corpo gostoso,
lamber seu pescoço,
e ser grudento aos poucos...
Se te quero tanto assim,
nesta ilusão tão ruim,
é porque para mim,
és um castigo sem fim...
Na minha serra querida,
tu és a minha guia,
te quero nua de dia,
nem que seja por fantasia...
por Adolfo Capella
fotografia de autor desconhecido
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
A bailarina vermelha
Ela passa,
a papoila rubra,
esvoaçando graça,
a sorrir...
Original tentação
de estranho sabor:
a sua boca - romã luzente,
a refulgir!...
As mãos pálidas, esguias,
dolorosas soluçando,
vão recortando
em ritmos de beleza
gestos de ave endoidecida...
Preces, blasfémias,
cálidas estesias
passam delirando!...
Mordendo-lhe o seio
túrgido e perfurante,
delira a flama sangrenta
dos rubis...
E a cinta verga, flexuosa,
na luxuria dominante
dos quadris...
Um jeito mais quebrado no andar...
Um pouco mais de sombra no olhar
bistrado de lilás...
E ela passa
entornando dor,
a agonizar beleza!...
Um sonho de volúpia
que logo se desfaz,
em ruivas gargalhadas
dispersas... desgrenhadas!...
Magoam-se os meus sentidos
num cálido rubor...
E nos seus braços endoidecem
as anilhas d'oiro refulgindo
num feérico clamor!...
E ela passa...
Fulva, esguia, incoerente...
Flor de vicio
esvoaçando graça
na noite tempestuosa
do meu olhar!...
Como uma brasa ardente,
e infernal e dolorosa,
... a bailar...
a bailar!...
Por Judith Teixeira
fotografia de Oleg Kosirev
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
As nádegas
Porque das nádegas
a curva
sempre oferece
a fenda
o rio
o fundo do buraco
Para esconso uso do corpo
nunca o fraco
poder do corpo em torno desse vaso
Ambíguo modo
de ser usado
e visto
De todo o corpo
aquele
menos dado
preso que está já
do próprio vício
e mais não é que o limiar de um acto
Por Maria Teresa Horta
fotografia de Angela Blank
sábado, 2 de agosto de 2008
A sós no escuro II
Há algum tempo atrás publiquei o post A sós no escuro inspirado por Jade no seu post A Sós (Ele). Hoje recebi um comentário a esse meu post, que me foi enviado por uma leitora anónima. Senti-me lisonjeado e não resisti a publicá-lo aqui. Espero que seja do vosso agrado, tal como foi do meu.
No teu, ou no meu quarto,
É no nosso espaço...
olho-te... vejo teus gestos entre a luz que brilha do luar.
Teus dedos grandes apertam teu sexo, e meu olhos sonham em lhe tocar...
mexes, continuas a mexer e eu a olhar!
Inunda-me de desejo...
Sinto enorme vontade de me aproximar.
Ligeiramente aproximo-me quando tu, de olhos fechados soltas um grito...
Sinto-te ofegante... sinto o calor do teu corpo já perto de mim.
Com as minhas mãos interrompo os teus gestos substituindo-as pelas minhas mãos.
Aperto teu sexo entre as minhas mãos e tu, de olhos fechados sentes-me substituir-te.
Com a minha língua percorro-o, lambendo-o como quem lambe um gelado numa noite de Verão...
Duro, teso, sinto-o vibrar...
Acaricio-o com a minha boca...
E com os meus lábios percorro-o num vai e vem sem parar, entre gemidos quentes.
Sinto-te vir, sinto-te perder o controlo e de repente soltas em ti um grito e jaz...
Os nossos olhos cruzaram-se de desejo por mais e muito mais... até que o cansaço nos envolveu.
Escrito por uma leitora anónima
fotografia de Anthony Boccaccio
No teu, ou no meu quarto,
É no nosso espaço...
olho-te... vejo teus gestos entre a luz que brilha do luar.
Teus dedos grandes apertam teu sexo, e meu olhos sonham em lhe tocar...
mexes, continuas a mexer e eu a olhar!
Inunda-me de desejo...
Sinto enorme vontade de me aproximar.
Ligeiramente aproximo-me quando tu, de olhos fechados soltas um grito...
Sinto-te ofegante... sinto o calor do teu corpo já perto de mim.
Com as minhas mãos interrompo os teus gestos substituindo-as pelas minhas mãos.
Aperto teu sexo entre as minhas mãos e tu, de olhos fechados sentes-me substituir-te.
Com a minha língua percorro-o, lambendo-o como quem lambe um gelado numa noite de Verão...
Duro, teso, sinto-o vibrar...
Acaricio-o com a minha boca...
E com os meus lábios percorro-o num vai e vem sem parar, entre gemidos quentes.
Sinto-te vir, sinto-te perder o controlo e de repente soltas em ti um grito e jaz...
Os nossos olhos cruzaram-se de desejo por mais e muito mais... até que o cansaço nos envolveu.
Escrito por uma leitora anónima
fotografia de Anthony Boccaccio
quarta-feira, 30 de julho de 2008
Provocadora
Gosto de me aninhar
Entre os teus braços.
Os meus seios duros
Tocam o teu peito.
Aproximo-me mais...
Com os braços
Enlaçando-te a cintura.
Sou uma concha...
Olho-te...
Sou uma provocadora...
Por Marta Vinhais
fotografia de Poluyanenko Alexey
Este poema foi-me enviado pela autora. Veja o seu blogue
Com Amor
sexta-feira, 25 de julho de 2008
Castigo
Desencaixo-me displicente.
Esvaziei-me, enfim.
Teu corpo
ainda queima,
tua mão ainda afaga.
Jamais
o prazer fora tão perverso.
Escondo meus lábios
atrás do batom.
Teus olhos
canibais marinhos
começam a se desfazer.
Não consigo te acompanhar.
És tão tolo...
Ainda me engasgo
com um último orgasmo.
Venci.
Sou aquela
que pela primeira vez
amas.
Mas a noite se esvai.
Sei que vais me tocar:
deixarei?
Não quero me amarrotar.
Tua boca me implora,
só que as estrelas se apagaram.
Vou-me embora
para nunca mais...
Se fosse amor,
não acabaria.
Por Agostina Akemi
fotografia de Ludovic Goubet
terça-feira, 22 de julho de 2008
A uma mulher amada
Ditosa que ao teu lado só por ti suspiro!
Quem goza o prazer de te escutar,
quem vê, às vezes, teu doce sorriso.
Nem os deuses felizes o podem igualar.
Sinto um fogo subtil correr de veia em veia
por minha carne, ó suave bem-querida,
e no transporte doce que a minha alma enleia
eu sinto asperamente a voz emudecida.
Uma nuvem confusa me enevoa o olhar.
Não ouço mais. Eu caio num langor supremo;
E pálida e perdida e febril e sem ar,
um frémito me abala... eu quase morro ... eu tremo.
Por Safo
fotografia de Oleg Kosirev
quinta-feira, 17 de julho de 2008
Prazer e êxtase
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Quero um amor proibido
Antes de morrer queria muito viver
Um exuberante amor proibido,
Daqueles que ninguém haja tido
Para sentir nas veias correr
O sangue, tal qual a lava dum vulcão,
Queimando tudo, deixando só brasas.
Um amor que me transporte em suas asas,
Que não confesse que o seu coração
A outro amor há muito tempo pertence.
Mesmo assim, entregar-me-ia sem pensar,
Porque nada me impede de sonhar,
Como um bufão sob a lona circense,
No palco, onde seu encanto o transfigura,
Ao lembrar a mulher do seu passado
Que o fazia sentir-se feliz, amado,
Esconde a dor que no peito perdura.
Antes de morrer queria muito viver
Esse amor que causa tanta ansiedade
Que é antítese da felicidade,
Fonte do prazer e do muito sofrer.
Por Maria Hilda de Jesus Alão
fotografia de Poluyanenko Alexey
Uma semana atribulada
Esta foi uma semana cheia de trabalho. Os meus posts andaram em regra um dia atrasados, e finalmente, na sexta-feira, nem tempo tive para o preparar. Os comentários aos vossos comentários quase que eram adiados para as calendas gregas. Espero que agora tudo volte a um ritmo mais próprio do Verão que já se faz sentir.
Beijos
Pedro M.
Beijos
Pedro M.
quarta-feira, 9 de julho de 2008
Ritual Secreto
Amante mío, estoy desnuda, más fresca que el agua azul
para tu noche de amor.
Cada extremo de mi boca,
cada esquina de mis miembros
se apresuran como ágiles peces
hacia tus tibias aguas.
Amante mío, yo deseo la mordedura de tus dientes
y me encamino temblorosa hacia cada uno de tus dedos,
me detengo a mirar tu cuerpo a través de oscura cerradura
e incontenible deseo se posa en mis húmedos senos.
Por tí se escapa la sequedad de mi boca,
mi mirada de brújula perdida en tus rincones,
floto voluptuosa en tus profundas aguas
y me abro como flor nocturna a tu plácida noche.
Mi cuerpo, fiesta fértil y lasciva.
Paséeme solitaria, desnuda ante tu noche,
siémbrame semillas olorosas a sal.
Mírame desnuda
con la hermosa sospecha
que mi vientre será fértil a tu salada lluvia.
Mi caverna, tibia y silenciosa, guarida perfecta
de tu solitario cuerpo,
Mi boca es suave entre tus dientes,
mi lengua, pájaro que anida en tu boca.
Por mi carne fluye sudor de hierro
y me prendo
como alga marina a tu confuso mar.
Soy la obra inconclusa
con infinitas posibilidades para un final.
Me entrego fácil a tus brazos,
con el misterioso encanto de un ritual.
Por Orietta Lozano
fotografia de Pavel Kiselev
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